Antônio Gontijo Pires: oficial da Reserva do Exército, professor, advogado e articulista
Matéria produzida pelo Portal CCO e publicada em 29/07/22. Republicação em homenagem póstuma ao Sr. Antônio, que faleceu na sexta-feira, dia 12 de julho, aos 84 anos

Antônio Gontijo Pires, filho de Rosa Gontijo Pires e Jarbas Ferreira Pires, declarou já no início da conversa: "Todo mundo me chama 'Antônio do Jarbas', mas eu ficaria muito honrado se me chamassem 'Antônio da Adi' (o apelido de minha mãe que pouca gente sabe)".
Ele nasceu em Arcos, aos 27 de setembro de 1939. Estudou no então 'grupo escolar' Yolanda Jovino Vaz. Aos 10 anos, foi para Rio Claro: "Passou um padre arrebanhando gente por aqui. Um 'recrutador de vocações'". Estudou numa escola de padres claretianos, durante cinco anos, longe da família. "Realmente, era um absurdo, porque eu fiquei cinco anos e naquela época era proibido ir em casa. Um internato total. 'Morreu para o mundo.' … Mas eu era menino e menino tolera tudo. Fui voluntariamente, mas, não gostei", lembrando, com um tom de desagrado na voz. "Era uma formação muito esquisita, muito rude, muito limitada”. Saindo do internato claretianos, concluiu os estudos do curso científico no Colégio Arnaldo, em Belo Horizonte.
Com evidente alegria, disse: "Então, eu caí numa escola redentora: o CPOR - Centro Preparatório de Oficiais da Reserva (do Exército), em Belo Horizonte. Fiquei dois anos no quartel, me tornando oficial de Cavalaria. Admiro os militares desde então". Destacou: "No quartel aprendi muitas coisas úteis".
Concluído o CPOR, retornou a Arcos, somente por seis meses; e voltou a Belo Horizonte para cursar a Faculdade Mineira de Direito. Ele contou: "Comecei a exercer a advocacia na área de família, mas, em seguida, comecei a dar aulas no Colégio Arnaldo e, com seis amigos, fundamos um novo colégio chamado Pedro II. Fui diretor diversas vezes, de forma intercalada com meus sócios; e devo dizer que me considero um 'sobrevivente', pois todos já faleceram". Lembrou: "Pedro II era uma escola pobre de periferia que hoje, me parece, está localizada mais no centro de Belo Horizonte".
No Colégio Arnaldo, lecionou por dez anos; no D. Pedro II, por 20 anos.
Retornando a Arcos
Ao concluir a carreira na educação, foi vendedor de móveis de aço: móveis Atlas (arquivos, mesas e arquivos). "Fui malsucedido" - disse, enquanto solava uma gargalhada, divertindo-se com seu insucesso na tentativa.
Naquela época, por aproximadamente cinco anos, Antônio vinha paulatinamente a Arcos para fazer companhia ao pai, já idoso. Também atuava na advocacia, na área da família, atividade que exerceu até 2017, passando a viver da aposentadoria.
"Antônio Conselheiro"
Antônio já foi colunista no Jornal CCO. Ao comentar sobre o início como articulista, recordou: "Certa vez, escrevi um artigo sobre a gestão do município e as questões políticas, que foi muito elogiado. Não me lembro quantos, mas seguiram-se menos de cem artigos, nem só sobre política, mas principalmente sobre ela". Foi aí que ele inventou o pseudônimo Antônio Conselheiro (líder religioso e o fundador do arraial do Belo Monte, mais conhecido como Canudos (na Bahia), que foi massacrado pelos soldados republicanos, junto aos 4 mil seguidores, em 1897. "Minha escolha deve-se à admiração pelo líder e sua história", informou.
Família e casamento
"Éramos seis irmãos, cinco homens e uma mulher. Com o falecimento de meu irmão e minha irmã, somos quatro: eu, Joaquim, José e Luciano (padre)".
Sobre o casamento: "Conheci minha esposa, a professora Lúcia Carvalho Pires, na Faculdade de Direito; e ela também era professora no Colégio Pio XII de Belo Horizonte. Destaque-se que Lúcia Carvalho Pires, embora nunca tenha exercido a profissão, é também advogada. Do casamento, dois filhos: Tiago, que é advogado 'militante' aqui em Arcos e Juciana, que também é advogada, mas não gosta da profissão e quer fazer concurso para a área federal. Ambos formados pela PUC-MG em Arcos".
Uma mensagem para os jovens
Ao finalizar, Antônio Conselheiro deixou um conselho aos leitores, especialmente aos jovens, lembrando do General Douglas MacArthur (herói da II Guerra Mundial): "A juventude não é apenas um período da vida, é um estado de espírito. Sereis tão jovens quanto jovens forem vossos ideais"; e comentou: "A juventude tem que ter um ideal".
Essas são algumas histórias do professor e advogado Antônio Gontijo Pires, que também foi oficial da reserva do Exército Brasileiro. Um arcoense que, mesmo tendo estado fora por décadas, nunca se distanciou das coisas e da gente de Arcos.