Arcoenses pelo mundo: Fábio Teixeira conta como é a vida na Irlanda
É um dos países europeus com maior número de castelos medievais; são cenários de grandes produções cinematográficas

Fábio Henrique Teixeira, 43 anos, arcoense, é filho de Elza Teixeira de Sousa e Benjamim Teixeira de Sousa. É Mestre em Software Design com especialização em Segurança Cibernética, pelo Athlone Institute of Technology, na Irlanda.
Deixou Arcos em 2004 para morar em Belo Horizonte, onde permaneceu até 2012. Em seguida, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde ficou até janeiro de 2019. Foi então que decidiu se mudar para Athlone, na Irlanda. Ele conta que é uma cidade menor que Arcos, com cerca de 25 mil habitantes.
Fábio sempre quis morar no exterior. Inicialmente planejava ir para os Estados Unidos, mas devido à dificuldade em conseguir um visto de trabalho, começou a se candidatar a vagas em vários países como Japão, África do Sul, Austrália, Espanha, Alemanha e Inglaterra, mas sem sucesso.
Depois de um tempo trabalhando como Senior Network Engineer na TIM, no Rio de Janeiro, decidiu pausar as buscas. Em 2018, uma headhunter irlandesa entrou em contato e pediu o currículo dele. Passando por um processo seletivo em três etapas, foi aprovado em 12 de outubro daquele ano. “Apesar da difícil decisão de deixar minha filha no Brasil, optei por seguir meu sonho e me mudei para a Irlanda em janeiro de 2019”.
A cidade onde Fábio mora, Athlone, é localizada no condado de Westmeath, no centro da Irlanda. “É uma cidade pequena, mas muito aconchegante”. Ele trabalha na Zinkworks como principal software/cloud/network engineer. A Zinkworks é uma empresa que presta serviços de desenvolvimento de software para outras companhias. Trabalhou por quatro anos e meio com a Ericsson e, desde novembro de 2023, está prestando serviços para a Valeo, uma empresa do setor automotivo.
Mercado de trabalho na Irlanda e remuneração
O arcoense observa que os trabalhadores em geral, inclusive os estrangeiros, são bem-remunerados na Irlanda. “O mercado de trabalho na Irlanda oferece boas remunerações, independentemente da nacionalidade. Para funções que não exigem experiência ou formação, como em restaurantes ou pubs, o salário mínimo atual é de €12,70 por hora. Em uma jornada de 40 horas semanais, é possível ganhar cerca de €1.800 líquidos”.
Quanto ao custo de vida, ele diz que é mais elevado em cidades como Dublin (capital da Irlanda). Athlone oferece um custo de vida mais acessível.
Diferenças culturais entre o Brasil e a Irlanda
“A principal diferença está no calor humano. Os brasileiros são naturalmente mais calorosos. Os irlandeses, embora muito educados e receptivos, são mais reservados”, diz Fábio, acrescentando que é raro ser convidado para a casa de um irlandês, “a menos que a amizade seja muito próxima”.
Ele diz que mesmo com o clima frio e chuvoso, os irlandeses são pessoas felizes e adaptadas. “Os pubs estão sempre movimentados, independentemente do clima; e eles adoram socializar, beber cerveja e cidra, e dançar, mesmo que não sejam os melhores dançarinos”.
As refeições
O café da manhã é a principal refeição, com o Irish Breakfast. Ele descreve: “Inclui ovos, bacon, linguiça de sangue, cogumelos, tomates, batata rosti, feijão com molho de tomate e torradas com manteiga”.
No almoço e jantar, o prato típico é o Fish and Chips (filé de bacalhau empanado com batatas fritas). “Pessoalmente, acho a comida pouco temperada e um tanto sem graça. A dieta aqui inclui muitos alimentos processados e junk food”.
Saúde e educação públicas na Irlanda
Diferente do Brasil, o acesso à saúde pública na Irlanda é limitado a pessoas com idade acima de 60 anos. “Para os demais, todos os serviços são pagos”, relata e comenta que apesar dos custos serem menores que nos Estados Unidos, a qualidade do atendimento deixa a desejar.
Já a educação, ele afirma que é “excepcional, desde o ensino básico até as universidades”. Fábio conta que as escolas oferecem experiências enriquecedoras e as universidades têm programas de desconto substanciais para cidadãos irlandeses ou residentes de longa data.
Situação econômica do país
O arcoense conta que, durante a pandemia, o índice de inflação anual chegou a 12%. Atualmente, está em 6,23%, “mas a economia ainda é robusta”. “A Irlanda serve como um ponto estratégico entre a Europa e os Estados Unidos, o que atrai grandes empresas de tecnologia e farmacêuticas. Isso garante uma alta arrecadação de impostos e uma economia forte”.
Segurança
Fábio diz que a Irlanda sempre foi um país muito seguro. Segundo ele, nos últimos tempos houve um leve aumento nos casos de criminalidade, mas são mínimos comparados ao que se vê em cidades como o Rio de Janeiro.
Vantagens e desvantagens em geral, em relação ao Brasil
Quanto o assunto é economia, o arcoense diz que uma das grandes vantagens da Irlanda em comparação ao Brasil é o poder de compra proporcionado pelo euro, o que facilita a aquisição de bens e viagens pela Europa. Ele diz que os longos dias de verão, com sol até as 23 horas, são outro ponto positivo. “Por outro lado, o clima pode ser uma desvantagem, com invernos frios, ventosos e chuvosos, e dias muito curtos, o que pode ser deprimente”.
Os castelos medievais
Assim como a maior parte dos países europeus, a Irlanda tem grande número de castelos medievais. O que também encanta os visitantes, segundo Fábio, é que o país tem paisagens deslumbrantes. “Já visitei vários locais impressionantes, mas o que mais me marcou foi o Ring of Kerry, uma região de paisagens naturais que parecem saídas de um cartão postal”.
Escolas de Arcos onde Fábio estudou e professores locais que marcaram a vida dele
Do pré-primário até a 8ª série, ele estudou na escola estadual “Dona Maricota Pinto”. O ensino médio, cursou na Escola Técnica de Formação Gerencial (ETFG)/Sebrae. “Minha turma foi a pioneira em Arcos”.
Na PUC Minas em Arcos, fez a graduação em Sistemas de Informação, de 2000 a 2003. Entre 2004 e 2005 fez pós-graduação em Redes de Telecomunicações na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), em Belo Horizonte. Entre 2019 e 2020, fez mestrado em Software Design in CyberSecurity no AIT - Athlone Institute of Technology em Athlone/Irlanda.
Fábio cita alguns professores de Arcos que marcaram a vida dele: “Dona Geralda” (professora do Pré-primário), “Dona Carolina” (professora de Língua Portuguesa), “Dona Georgete” (professora de História), Dona Meire, professora de Geografia (atual diretora da escola “Maricota”).
Saudades
Fábio sente saudades da família, dos amigos e das festas de Arcos. Ele esteve aqui recentemente. “Participei do Festival de Gastronomia e adorei, mas também gostaria de ter ido à exposição agropecuária”. Também gosta de jogar vôlei no clube e no poliesportivo.
Quando perguntamos se ele tem a intenção de retornar ao Brasil definitivamente, responde positivamente. “Tenho a intenção de retornar, inicialmente, para o Rio de Janeiro, para estar mais próximo da minha filha e acompanhar sua adolescência. Mais tarde, quando ela for mais independente, talvez eu volte para Arcos ou até mesmo considere retornar à Irlanda. Ainda estou indeciso”.
Família
Fábio é casado com Renata de Lima Coelho, que é psicóloga. Ele tem uma filha de 12 anos, fruto de um relacionamento anterior, que mora no Rio de Janeiro.
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