Arcoenses pelo mundo: Michele Oliveira vive em Portugal e admira a simplicidade dos portugueses 

Set 2, 2024 - 11:36
Set 5, 2024 - 15:31
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Arcoenses pelo mundo: Michele Oliveira vive em Portugal e admira a simplicidade dos portugueses 
Foto: Arquivo pessoal


Michele Teixeira de Oliveira, 43 anos, é filha de Maria de Fátima Oliveira e Silvano Rodrigues Oliveira (em memória).  Morou no bairro Vila Boa Vista em Arcos até os 21 anos e trabalhava em fábrica de costura.

Em 2006, há 18 anos, deixou Arcos em busca de melhores condições de vida. O destino foi Portugal, onde a irmã caçula, Elaine Oliveira, já morava. Mora em Almada, na margem sul de Lisboa, capital de Portugal. “Aqui tive oportunidades que só me fizeram crescer”, comenta Michele.

Dificuldades superadas

O início não foi fácil. Ela diz que passou muitas dificuldades, mas superou todas. Trabalhou em serviços de limpeza, inicialmente em casas de família, depois em um salão de festa, também na limpeza. Em seguida, conseguiu emprego em um lar de idosos. Nessa fase, ela começou a trabalhar dia e noite e guardar dinheiro para requerer a carteira de motorista de ônibus. Depois de todo o processo, conseguiu a vaga. Atualmente, é condutora de ônibus, trabalhando nos transportes públicos.


Quando perguntamos sobre a remuneração no país, se os trabalhadores são bem-pagos, ela disse, sorrindo: “Não somos bem pagos não. Acho que nem em outras atividades, pois Portugal é o país da Europa onde os ordenados são baixos”. Mesmo assim, ela está feliz na empresa e permanece nela há 11 anos. “Gosto demais da minha profissão, amo conduzir os ônibus aqui, que eles chamam de autocarros; me sinto realizada”.

Michele comenta que tem poucas fotos em locais turísticos, porque raramente faz passeios.

“Mal conheço Lisboa, porque minha vida aqui sempre foi trabalhar. Se eu desfruto Portugal hoje, um pouco, é porque lá atrás minha intenção nunca foi sair pra gastar, foi juntar o dinheiro pra conseguir o que tenho. Hoje, levo uma vida tranquila, com meu marido. [...] Tenho o João, meu companheiro há 13 anos, português”.

O poder de compra do Euro e outras vantagens do país

Mesmo com salários baixos, ela diz que a vantagem, em relação ao Brasil, é o poder de compra do Euro. Exemplifica dizendo que se a pessoa recebe um salário de mil euros, ela não precisa ficar parcelando compras de TV, geladeira e itens de marca, como acontece no Brasil.

Mas também em Portugal, para prosperar e adquirir imóveis, é necessário economizar. Foi o que ela fez, atingindo seu objetivo inicial.  Hoje Michele tem uma vida estabilizada e atribui a conquista também ao marido, que é o provedor do lar.  

Outros diferenciais positivos de Portugal, em comparação ao Brasil, são a segurança e os serviços de saúde. “Quanto à saúde pública, não tenho nada a reclamar, acho bem melhor que a do Brasil”. Ela diz que a criminalidade aumentou há alguns anos, mas a segurança ainda está melhor que no Brasil.

Sobre aspectos culturais do país, menciona a gastronomia. Os portugueses investem, por exemplo, em vinhos e peixes de qualidade. “Come-se bem no país, mas nós, brasileiros, fazemos a nossa própria comida normal brasileira”.

A simplicidade dos portugueses 

Michele observa que em cidades do interior, como Arcos, mais do que em cidades grandes, existe uma preocupação às vezes excessiva com a aparência física. Nesse sentido, ela se surpreendeu com a simplicidade dos portugueses:  “A simplicidade em falar com as pessoas sem arrogância, o modo de vestir. Meu espírito é de simplicidade. Eu, aí em Arcos, passei por muita dificuldade. [...] Aqui, acho que mal existe o salto alto. Todo mundo veste o básico. Isso me chamou muita atenção. Acho que em cidades de interior existe uma disputada muito grande, era assim que eu via”. Michele observa que ao longo dos anos, isso não mudou em relação a Arcos. “Até hoje, quando vou aí, uma vez por ano, noto isso”.

Acolhimento 

Segundo Michele, há mais de 25 anos, brasileiras eram malvistas em Portugal, porque havia aquelas que iam em busca de prostituição. Com isso, muitas causaram divórcios de casais portugueses. Porém, nas últimas décadas as brasileiras e os brasileiros vão para o país com outros objetivos, em busca de trabalho e de uma vida digna. “Então, os portugueses acolhem bem, mas não pise na bola com eles, porque se você fizer isso, eles não perdoam. Eu não tenho queixa e não é à toa que estou aqui há tanto tempo. [...] Nunca me senti desprezada por eles, nunca me senti inferior e nem superior também. Mas, como em todo lugar do mundo, também há pessoas mal-educadas”.

Michele com a mãe, Maria de Fátima e as filhas Camila (à esquerda) e Caroline (à direita) 

Família

Michele é mãe de duas filhas: Camila Oliveira e Caroline Oliveira, que moram em Arcos. Também já é avó. São quatro netos: Yuri Oliveira (de 2 anos), nascido em Portugal; Selena Oliveira (16 dias), Lucca Barbosa (4 anos) e Lorenzo Barbosa (2 anos).  

A arcoense planeja voltar para o Brasil “um dia”, para estar junto com a família. “Sinto falta da minha mãe, dos meus irmãos, das minhas filhas, dos meus netos, porque minha filha morava aqui, a mais nova, com meu neto. Ela foi embora há um ano e meio e eu senti muito isso”.

Saudades de Arcos

“Sinto saudade da convivência com as pessoas, de estar de fora de casa e vir uma pessoa para um ‘dedinho de prosa’. Aqui já não tem muito disso, é cada um dentro da sua casa. Não são de ir na casa dos outros. Até quando vão na casa de familiar, ligam antes para comunicar”.

Se você conhece algum arcoense que mora em outro país, encaminhe-nos o contato pelo e-mail portalcco@gmail.com ou pelo WhatsApp 37 9 9928-3335.