Arcos: Hospital São José, 80% dos casos atendidos são de doenças respiratórias

Em média, 300 pacientes chegam, diariamente, ao pronto atendimento municipal, o Hospital Municipal São José, e não há faixa etária predominante, conforme a Diretora Clínica, Dra. Daniella Ribeiro, que concedeu entrevista ao Jornal CCO para falar sobre o assunto das síndromes que atingem o aparelho respiratório.

Jul 5, 2024 - 15:22
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Arcos: Hospital São José, 80% dos casos atendidos são de doenças respiratórias
Foto: Jornal CCO


Doenças respiratórias: este é um tema que assume maior relevância, especialmente diante dos períodos de temperaturas mais baixas, que marcam a estação do inverno. Em Arcos, os dias têm amanhecido com registro de temperaturas pouco acima dos 10°C e, ao cair da tarde, o frio volta a tomar conta das noites, seja na zona urbana, seja nas áreas rurais. Por isso, o Portal CCO entrevistou a médica Daniella Ribeiro, atual Diretora Clínica do Hospital Municipal São José, na manhã desta sexta-feira (05/07).



Também vale esclarecer que as variações climáticas são um fator agravante neste cenário. Depois de a temperatura estar em 13°C (tal como às 7 horas desta sexta-feira, 05), a temperatura foi aumentando, até chegar aos 27°C, por volta das 14 horas, numa diferença de 14°C em sete horas. Como vem acontecendo diariamente, à medida que nos aproximamos da noite, a temperatura volta a cair, aparecendo com um aspecto que traz risco à saúde respiratória.

Conforme a médica, que também é plantonista no ‘São José’, as doenças respiratórias respondem por 80% dos atendimentos diários do hospital, o que corresponde a aproximadamente 250 pacientes que, todos os dias, vão em busca do pronto atendimento municipal.

De acordo com a Dra. Daniella, o principal fator para o aumento dos casos de síndromes respiratórias são as queimadas em lotes vagos e de lixo. “Além do pó calcáreo, que compromete a qualidade do o ar que respiramos em Arcos, as queimadas lançam mais resíduos ao ar, tornando-se especialmente prejudiciais à saúde do aparelho respiratório. E, percebemos que os incêndios em lotes vagos ou até a queima do lixo acumulado têm sido mais frequentes”. 

Segundo ela, até maio, 80% dos casos atendidos eram de dengue e os casos de doenças respiratórias estavam dentro de uma faixa de 20%, que incluía outras moléstias, tais como: fraturas, doenças cardiovasculares, renais e do aparelho digestivo, entre outras. Agora, os casos de dengue diminuíram e estão na faixa dos 20%, enquanto que as doenças que atingem o aparelho respiratório assumem 80% do total de atendimentos no ‘São José’.

Falando sobre a evolução dos casos, Dra. Daniella afirmou: “Na última quinzena de junho aumentou muito. Há muitos casos de pneumonia, infecções respiratórias (IVAS) e bronquiolite, entre outras”. 



Todas as faixas etárias

“Antes [maio], nos preocupávamos mais com os idosos e crianças. Mas, agora, são registrados casos de pneumonia, independente da faixa etária, atingindo adolescentes e adultos jovens”. Como plantonista, Dra. Daniella, que está diariamente na linha de frente do pronto atendimento, ela vem comprovando que não há mais uma faixa etária predominante.

Sintomas mais comuns

A médica contou que quem chega ao pronto atendimento, geralmente trazido pelo SAMU ou pelo Corpo de Bombeiros, chega com falta de ar, tosse e febre. “Daí fazemos exames de imagem e laboratoriais que são analisados para fechar o diagnóstico e identificar se o paciente poder ser tratado em casa ou deve permanecer em ambiente hospitalar”.

 

Ela continuou relatando que, se o paciente fica no hospital, é imediatamente medicado com antibiótico intravenoso e este paciente é cadastrado no SUS Fácil para que seja liberada vaga em hospital, em Arcos ou em outra cidade. Os pacientes de menor gravidade são liberados e tratados em casa.

Dra. Daniella ainda destaca que há aqueles que apresentam uma situação intermediária. Esses pacientes, são tratados em casa, mas com a orientação de retornarem em até 72 horas para novos exames.

Disponibilidade de leitos

Perguntada sobre a disponibilidade de leitos a diretora clínica, esclareceu: “Tem vaga em Arcos. Mas, o sistema está saturado em toda a região. Então, como vem gente de fora para Arcos, também vão de Arcos para outras cidades”. Ela ainda detalhou as cidades que mais recebem pacientes de Arcos: Santo Antônio do Monte, Lagoa da Prata e Formiga.

Prevenção

Para evitar as medidas hospitalares, Dra. Daniella voltou a recomendar: “Evitem as queimadas, tomem vacina, bebam bastante líquido pois, no frio, a gente diminui o consumo de água e ela é necessária para lubrificar nossas vias aéreas, nossa garganta. Precisa tomar bastante líquido mesmo.



Outras medidas preventivas são: higiene das mãos, proteger-se com agasalhos adequados às baixas temperaturas e evitar aglomerações, que propiciam a transmissão. “Temos a pneumonia, que não é transmissível. Mas, temos as gripes, a influenza, etc. O indivíduo espirra perto de outra pessoa que acaba respirando as ‘gotículas’ [do espirro], provocando a transmissão” – alertou.

Dra. Daniela concluiu, destacando sobre a importância da vacinação contra a influenza. “Vacinar é muito importante e eu confio muito nas vacinas. Elas já erradicaram várias doenças. Acredito muito nas vacinas” – destacou, em tom de recomendação.