Aumenta o número de animais silvestres na zona urbana de Arcos
Biólogo arcoense acredita que queimadas, além da escassez hídrica, contribuem para a fuga de animais silvestres para as áreas urbanas

Ao publicar sobre as ocorrências relatadas pelos bombeiros do Posto Avançado de Arcos (PAA), constata-se um aumento expressivo de registros de ‘capturas de animais silvestres’ nas áreas urbanas da cidade, não só próximo à periferia, como também em bairros centrais.
Os números
O Corpo de Bombeiros forneceu estatísticas sobre o problema da presença/captura de animais silvestres na zona urbana.
Em janeiro e fevereiro deste ano, os números ficaram pouco abaixo do ano passado. Em março e abril as ocorrências em 2024, alcançaram quase o dobro. Em maio de 2024, o número permaneceu pouco acima, em junho, caiu, mas, em julho, novamente os registros alcançaram quase o dobro do registrado no ano passado.
Confira os números do Corpo de Bombeiros
Ano Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho
2023 34 33 33 18 19 21 18
2024 28 25 58 33 22 16 31
O comandante da 4ª Cia, Cap Cunha, questionado sobre a relação entre as queimadas e a presença de animais silvestres dentro das áreas urbanas, comentou: “As ocorrências de incêndio florestal são uma hipótese, passa as ocorrências nesse período. Contudo, este tipo de ocorrência acontece todo o ano”.
Como orientação, comandante recomendou à população: “Não agrida, espante ou tente capturar o animal. Mantenha o contato visual e acione o Corpo de Bombeiros pelo 193”.
Opinião qualificada
Para entender este fenômeno, conversamos com o biólogo e zoólogo Pedro Rocha, que acompanha, entre outras questões, a movimentação da fauna silvestre no sentido da zona urbana. Segundo ele, a intensificação das queimadas são um dos fatores que contribuem para o aumento de ocorrências desta natureza.
Pedro Rocha, biólogo e zoólogo arcoense
Consultado sobre o tema, inicialmente o biólogo afirma sobre as queimadas: “Com certeza teve sua influência nesse ano. Seria bom ter acesso aos dados de precipitação, mas esse ano o verão foi excepcionalmente seco. Pelo menos as várzeas que acompanho, não inundaram pela primeira vez em 4 anos. Consequentemente a vegetação ficou seca bem mais cedo”.
A partir dessa consideração, Pedro avalia que com a escassez hídrica e de alimentos nesta época, naturalmente os animais buscam esses recursos, mas evidencia: “Porém esse ano, a seca fora do comum faz ainda mais pressão sobre esses animais na busca de recursos, enquanto a vegetação também fica mais suscetível à queimada”.
Segundo ele, além desses estes fatores de escassez, as queimadas criminosas são outro problema para fauna, que na fuga, acabam encontrando abrigo na cidade.
Pedro apresenta um artigo publicado no site do Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV/SP), intitulado: ‘Queimadas levam animais silvestres para a cidade’ (https://crmvsp.gov.br/queimadas-levam-animais-silvestres-para-a-cidade/), que faz referência à caracterização da queimada como crime: “Embora sejam comuns, as queimadas são consideradas crime ambiental, de acordo com a Lei nº 9605/98. A pena é de multa e reclusão de até quatro anos. O procedimento também tem afetado a biodiversidade, afastando os animais de seu habitat natural e levando-os a procurar a área urbana”.
Além dessas situações, é oportuno lembrar que as queimadas vem sendo responsáveis pelo aumento de casos de sínfromes respiratórias, conforme matéria veiculada pelo Portal CCO (https://www.jornalcco.com.br/arcos-hospital-sao-jose-80-dos-casos-atendidos-sao-de-doencas-respiratorias)