Biólogo de Arcos avalia: maioria das queimadas ocorre por ação humana

As queimadas têm se intensificado em Arcos e região. Confira as avaliações e opinião de biólogo Pedro Rocha, do Coletivo Socioambiental de Arcos

Set 12, 2024 - 12:10
Set 12, 2024 - 12:19
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Biólogo de Arcos avalia: maioria das queimadas ocorre por ação humana


Para dar mais visibilidade à questão das queimadas em áreas rurais e incêndios em lotes urbanos, o CCO buscou novamente a opinião de um biólogo que vem monitorando e acompanhando o meio ambiente em Arcos e na região. Pedro Rocha é biólogo, ambientalista e integrante do Coletivo Socioambiental de Arcos, grupo que reúne outros profissionais preocupados com as questões ambientais da região.

O biólogo afirma: “Os incêndios que temos enfrentado nessa época são em sua maioria de origem humana”. Pedro esclarece, dizendo que os incêndios que são considerados naturais são aqueles decorrentes dos raios, que ocorrem durante a época das chuvas, sendo assim, causados pela própria natureza.

“A dinâmica é muito diferente entre esses incêndios [em períodos chuvoso e seco], pois nessa época o tempo seco e falta de chuvas potencializam as queimadas de forma descontrolada, resultando no que temos visto recentemente”.  Ele acredita que a principal forma para evitar passa pela conscientização da população e entende que, muitas vezes, as pessoas não têm ideia da proporção das repercussões e do perigo para a saúde humana e para o meio ambiente.

 
Pedro também avalia que há falta investimento e de valorização dos profissionais que trabalham na área de combate e fiscalização e destaca: “Em muitas regiões, o combate ao fogo é feito por voluntários com pouco ou nenhum apoio”.

Animais fogem quando conseguem

“Para a fauna, a chance de fugir ainda mantém muitos vivos” – afirma. Mas destaca que os incêndios criminosos também são muito prejudiciais aos animais, já que reduzem a disponibilidade de habitat e de recursos em alimentação, água e proteção natural. Com isso, os animais são obrigados a procurar novas áreas. Nestes deslocamentos, eles acabam expostos a diversos riscos, tais como: a exposição a atropelamentos ao cruzarem rodovias, entre outras situações de perigo.


Ele exemplifica: “Algumas espécies como o tamanduá-bandeira, que possuem visão e audição fraca, acabam sendo pegos de surpresa e não têm muita oportunidade de se salvar”.

Em matéria publicada em 2 de agosto, sob o título: “Aumenta o número de animais silvestres na zona urbana de Arcos” (https://www.jornalcco.com.br/aumenta-o-numero-de-animais-silvestres-na-zona-urbana-de-arcos), o biólogo Pedro Rocha já esclarecia sobre esta outra consequência das queimadas nas áreas que se refletem nas zonas urbanas.

Ele afirmou, na matéria, que as queimadas têm influência predominante na migração dos animais silvestres para as zonas urbanas e argumentou: “[...] Neste ano, o verão foi excepcionalmente seco. Pelo menos as várzeas que acompanho, não inundaram pela primeira vez em quatro anos. Consequentemente a vegetação ficou seca bem mais cedo”. 

A partir dessa consideração, Pedro avaliou que, com a escassez hídrica e falta de alimentos nesta época, os saem animais buscam desses recursos. Ele destacou ainda que, neste ano, a seca apresentou-se como sendo incomum, fazendo ainda mais pressão sobre esses animais na busca de recursos para sua sobrevivência, enquanto a vegetação também fica mais suscetível à queimada.

Cabe lembrar que nesta fuga, a invasão de animais em lotes vagos e até em residências representa risco às pessoas e aos próprios animais.
Enfim, este é um problema que, pelas previsões climáticas, ainda se alongará, até que o período de chuvas volte à região de Arcos.

Confira também a matéria publicada em 11/09/2024, tratando do aumento de queimadas em Arcos e na região: https://www.jornalcco.com.br/incendios-aumentam-na-regiao-de-arcos-de-janeiro-a-setembro-mais-de-100