Cachoeira da ‘Usina Velha em Arcos’, ‘santuário da vida’

Série Patrimônios de Arcos – Parte II

Mar 6, 2025 - 14:03
Mar 6, 2025 - 14:09
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Cachoeira da ‘Usina Velha em Arcos’, ‘santuário da vida’
Imagens: AG Filmes/Gabriel Assis
Cachoeira da ‘Usina Velha em Arcos’, ‘santuário da vida’
Cachoeira da ‘Usina Velha em Arcos’, ‘santuário da vida’


Esta é a 2ª matéria da Série “Patrimônios de Arcos”. Os textos são redigidos a partir de informações do documentário Patrimônios Tombados de Arcos, lançado em dezembro de 2021 por iniciativa do ex-presidente do Conselho Municipal do Turismo, Donizete Bernardes.

A cachoeira do rio São Domingos (“Usina Velha”), localizada na zona rural de Arcos, tem esse nome justamente porque lá funcionava uma usina hidrelétrica. Ainda existe no local o que restou da “Casa das Máquinas”.


Imagens: AG Filmes/Gabriel Assis


No documentário, o padre arcoense Ivanildo Miranda, cujos familiares têm propriedades rurais na redondeza, relata que aquela hidrelétrica forneceu energia para Arcos durante muitos anos.

No vídeo, padre Ivanildo está ao lado de outro padre arcoense, Leonardo Campos, que também conhece a história da região. Padre Leonardo comenta que se trata de um patrimônio não somente histórico. “É um patrimônio onde corre vida, onde corre história [...], inclusive de nossos antepassados ”.  “Um santuário da vida!”, completa padre Ivanildo.

Sobre o santo que nomeia o rio, trata-se do espanhol São Domingos de Gusmão, evidenciando a devoção católica no tempo de colonização.

Ao falar especificamente sobre o rio, padre Ivanildo salienta:

“Depois do mais importante rio, que é o São Francisco, nós temos o São Domingos, que é um dos maiores afluentes do São Francisco”. Em seguida, apoiado pelo padre Leonardo, fala da esperança de que o resgate dessa história resulte em um “olhar com um pouco mais de seriedade para o local e para o que ele representa, inclusive em termos ambientais”. Ressalta:

“Que as autoridades passem a ter mais cuidados, além do que já têm até agora, um pouco mais ainda no sentido de preservação e de fazer com que este local continue sendo um santuário, como dissemos, para o benefício de todos, inclusive para as próximas gerações”. [Ressaltamos que o documentário foi postado em 2021].

O Parque da Usina Velha foi tombado em 2002. O documentário foi feito com apoio Prefeitura de Arcos por meio da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo (Semcelt). A produção coube à AG Filmes/Gabriel Assis.
Assista na íntegra:

https://www.youtube.com/watch?v=lCnHFDI7yTs


Usina foi construída em 1923

Em outro documentário disponibilizado no YouTube também em 2021, link https://www.youtube.com/watch?v=Lisx8OJPpRA, intitulado “Arcos participa da 8ª Jornada do Patrimônio Cultural de Minas Gerais”, é relatado que a referida Usina de Força foi construída em 1923, “para aproveitar a queda d’água do rio São Domingos”.

Ainda de acordo com a narração do vídeo, foi o primeiro ponto de energia elétrica produzida na região, fornecendo para Arcos e região ao longo de algumas décadas. Na época, Arcos ainda era Distrito de Formiga, considerando que a emancipação foi em 17 de dezembro de 1938. Outra informação curiosa nesse documentário é que, em 1930, 208 residências da zona urbana recebiam energia.

Imagem (Print do documentário). AG Filmes/Gabriel Assis


A Subestação da Usina de Força (foto acima), sediada no bairro Niterói em Arcos, foi construída em 1924 para distribuir a energia produzida nessa usina do São Domingos. “A energia passava pela subestação e seguia pelos postes de madeira para iluminar indústrias e casas abastadas”, conforme é narrado no documentário citado acima, onde é informado sobre a participação de Arcos na 8ª Jornada do Patrimônio Cultural de Minas em 2021. 

No primeiro documentário citado nesta reportagem, Ana Maria Elmi Condin, filha de Maricota Frias, também conta a história que ouviu da mãe, sobre a Subestação do bairro Niterói. “A luz era muito fraca, de cor avermelhada, como tomatinhos. Eram poucas casas e poucos podiam dispor da energia”.  

De acordo com registro do livro História de Arcos (Lázaro Barreto, 1992, pág. 203), a concessão dos serviços elétricos em Arcos foi transferida à Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) em 1963.