Casarão de 1912 foi sede de encontros de cavaleiros em Arcos no passado
Série Patrimônios de Arcos – Parte 4 / “Esta casa representa a presença material daquilo que se tornou imaterial, porém inesquecível para mim [...]”, relato de Ênia Campos de Miranda
No centro de Arcos, avenida Governador Valadares, em contraste com pontos comerciais de arquitetura contemporânea, destaca-se um casarão cuja história foi relatada no documentário Patrimônios Tombados de Arcos, lançado em dezembro de 2021 por iniciativa do ex-presidente do Conselho Municipal do Turismo, Donizetti Bernardes.
De acordo com o relato, narrado por Donizetti Bernardes, a construção, cujo modelo arquitetônico tem influência francesa, é de 1912 e 1913, portanto, início do século XX. Naquela época, no cenário político nacional vigorava a 1ª República no Brasil, iniciada em 1889. O Município de Arcos ainda não havia sido criado, uma vez que a emancipação foi em 1938. Predominavam as fontes de renda ligadas à agropecuária. Também ainda não existia, no Município, a usina hidrelétrica, que foi montada em 1923.
O imóvel pertenceu a Antônio Teixeira Campos (Antônio Peão), cujo principal ofício era a negociação de gado e cavalos Mangalarga Marchador. Ele comprou a casa em 1955, que havia sido construída por José Caetano Magalhães Pinto (Juca Pinto), pai de José de Magalhães Pinto, que foi governador de Minas na gestão 1961-1966. Magalhães Pinto era natural de Santo Antônio do Monte e morou em Arcos.
Ainda no documentário, Donizetti relata que em certa época a casa foi o local onde se reuniam políticos, inclusive em comícios. Também era sede de encontros de cavaleiros e ponto de negociação de fazendeiros.
Esta é a 4ª matéria da Série “Patrimônios de Arcos”. Os textos são redigidos a partir de informações do documentário feito em 2021com apoio Prefeitura de Arcos por meio da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo (Semcelt). A produção coube à AG Filmes/Gabriel Assis.
“[...] Para além de sua arquitetura, o valor afetivo e histórico desta casa está em ser o lar que guarda a origem e base de minha família”
O CCO falou com a psicóloga Ênia Campos de Miranda (foto acima), neta de “Antônio Peão” (falecido em 1998) e Dona Bilica, que faleceu em 2012.
Ela informou que os atuais proprietários são os filhos dos seus avôs: Antônio Teixeira Filho, Maria Aparecida Campos (atual residente), José Eurico Teixeira, Maria da Glória Teixeira, Neusa Maria Miranda e Benjamim Teixeira Campos. O caçula, Mauro Teixeira Campos, faleceu em 1996.
Ênia mora em Belo Horizonte e conversou com o CCO por meio de WhatsApp. “Vovô Antônio é meu ídolo, minha referência, meu exemplo de um ser humano que sempre buscou ser e agir honestamente, escreveu, enviando, em seguida, o seguinte depoimento:
“Esta casa representa a presença material daquilo que se tornou imaterial, porém inesquecível para mim. Ela faz parte da minha história, da minha identidade, é impossível pensar em quem sou sem me recordar das experiências vividas nela. No contorno dos cômodos, vários acontecimentos foram eternizados. Não sei pensar nesta casa sem pensar em meus avós, em tia Fia, tio Mauro, meus pais e irmãos, além de tantos vizinhos queridos. Desde o alpendre – cenário de tantas conversas cotidianas de meu avô com seus amigos – até o arco do parapeito, quando eu, ainda bem criança, ficava encantada ao observar a chuva através dos feixes de luz vindos do poste em frente à avenida. Nesta casa está o olhar amoroso de meu avô com sua voz e seus ensinamentos para se ter uma vida honesta; está também o cheiro e o sabor da comida de minha avó que, mais do que pratos e quitandas saborosos, era a forma que tinha de dizer o quanto éramos importantes para ela. Para além de sua arquitetura, o valor afetivo e histórico desta casa está em ser o lar que guarda a origem e base de minha família”.
Assista ao recorte do documentário:
Assista ao documentário na íntegra:
https://www.youtube.com/watch?v=lCnHFDI7yTs.
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