China seria o provável destino das pedras de quartzo extraídas em Arcos ilegalmente
Cada pedra tem um valor comercial que varia de R$ 20 a R$ 200 reais

A Polícia Militar Ambiental em Arcos prendeu oito homens em decorrência de mineração irregular na região do Córrego das Almas (zona rural), na última segunda-feira (26).
Trata-se da extração, no solo, de pedras de quartzo. Os garimpeiros vieram da região norte do Estado. O valor total das multas é superior a R$ 600 mil (R$ 633.564,00).
Em busca de mais informações, na manhã de hoje (28) o CCO falou com o comandante da PM Ambiental local, Sargento Geraldo Kennedy Batista. Segundo ele, os homens presos não estavam vinculados a nenhuma empresa. Foi relatado à Polícia que o destino final das pedras seria a China. “Tinha um atravessador que recebia as pedras e passava pra frente”, disse o policial, referindo-se ao agenciador, que estava em um hotel quando foi preso. Ele não se manifestou.
A PM Ambiental apurou que cada pedra tem um valor comercial de acordo com a classificação, variando de R$ 20 a R$ 200 reais.
Sgt. Kennedy disse que o ato estava sendo praticado há cerca de um mês, em um terreno de propriedade privada, mas o proprietário não teve conivência.
Mais dois pontos de extração ilegal em Arcos
Ainda hoje, a PM Ambiental informou ao CCO que localizaram mais dois pontos onde já houve exploração ilegal de quartzo. “No momento não está tendo mais, não tem garimpeiros, mas os proprietários serão notificados e autuados”, disse.
Outras informações sobre a operação de segunda-feira
A PM Ambiental relatou, em texto enviado à imprensa, que durante a operação realizada na segunda-feira (26), os mineradores ilegais correram em diversas direções quando os militares se aproximaram. Durante a perseguição a pé, os militares prenderam sete. “Eles estavam portando picaretas, pás e sacos plásticos contendo pedras de quartzo extraídas ilegalmente naquela propriedade”.
Foram encontradas dezenas de ferramentas, vários sacos de fios de nylon contendo quartzo, uma bucha de maconha e duas motocicletas utilizadas no transporte dos minerais extraídos.
Os policiais também identificaram e prenderam o agenciador da atividade ilegal. Ele estava em um quarto de hotel em Arcos, onde foram encontradas mais pedras de quartzo extraídas ilegalmente.
Caso o advogado dos suspeitos queira se manifestar, favor fazer contato com a Redação do Jornal CCO, pelo telefone: (37) 3351-1946.
Informações sobre crimes ambientais nos municípios da região podem ser repassadas para o 2º Pelotão PM de Meio Ambiente, por meio do telefone (37) 3322-1454.
De acordo com divulgação feita em site da USP (Universidade de São Paulo), o quartzo é usado em ornamentação; como gema, em muitas das suas variedades; para construção civil, na argamassa e no concreto, como fundente; como abrasivo, na manufatura do vidro; na porcelana; nas tintas; em pedras de construção e para fins de pavimentação; para instrumentos óticos.
Engenheira de minas fala sobre o tipo de quartzo encontrado na região
O CCO falou com a engenheira de minas Maria Eugênia Ferreira Campos, que mora em Arcos. Ela disse que não tem conhecimento da existência de lavra de quartzo autorizada na região. “Preciso conferir um pouco, para informações mais precisas, mas pelo que eu conheço, não há lavra de quartzo autorizada na região”.
Quanto ao tipo de quartzo encontrado em Arcos, informou que a ocorrência é de quartzo hialino, “um cristal incolor e transparente utilizado como decoração e na fabricação de bijuterias”. Acrescentou que ele é muito usado na indústria de eletrônicos. “O quartzo que contém umas agulhas ou peninhas dentro tem recebido muita especulação no mercado chinês”, relatou a engenheira.
Segundo ela, a maneira de exploração é em solo. Explicou que os cristais ocorrem na forma de mineralização em veios de quartzo.
A engenheira explicou que a Agência Nacional de Mineração (ANM) é responsável por outorgar os títulos de lavra e também por fiscalizar a mineração. “Quando há extração ilegal, é atribuição também da Polícia Federal atuar”.
Extração de cristais em Arcos na década de 1940 teria atraído garimpeiros da região
Matéria publicada pelo Jornal CCO impresso em 19/01/2019 - Edição 1984
A cidade de Arcos, que é famosa pela extração de calcário, também já teria atraído garimpeiros em busca de cristais, há mais de 80 anos.
Quem contou a história ao CCO, em janeiro de 2019, foi o Sr. Lino Teixeira, de 84 anos, morador do bairro Vila Boa Vista. Ele disse que quando era criança, aos 8 anos de idade, em 1942, havia um garimpo de cristais na cidade, na região conhecida como Pica-pau (caminho entre Arcos e as comunidades rurais Santana, Sobradinho e São Domingos – onde estão as antenas de TV e rádio).
A fazenda era de propriedade de uma tia dele. Quem tomava conta era o filho dela. Os garimpeiros exploravam e a dona da fazenda tinha direito a uma porcentagem de 10% sobre o valor. “Eu me lembro do garimpo, porque meu pai vendia leite e queijo lá na fazenda. Eu ia com meu pai e me lembro de ver os cristais. Eram sextavados (seis faces) e tinham uma pontinha. Tinha de diversos tamanhos, até de 2 kg, mas a faixa média era de 250 a 700 gramas”.
Segundo ele, mais de cem garimpeiros ficavam por lá. Vinham das cidades vizinhas e montavam ranchos de capim no local, para acamparem e explorarem o terreno, na esperança de encontrarem a preciosidade. “Eles acampavam lá, faziam comida e dormiam... Lá tinha até um armazém feito de capim”, contou e disse que alguns não tinham boa situação financeira e iam tentar a sorte. Já outros eram fazendeiros, inclusive da região de São Domingos em Arcos. Alguns tiveram êxito financeiro com a venda do cristal.
Em pouco tempo, em aproximadamente dois anos, a atividade teria sido encerrada e foram plantados pés de eucalipto no local.
Na época, embora criança, ele ouviu dizer que alguns tipos de cristais explorados aqui eram considerados os melhores do país e tinham muito valor. “Tinha o cristal vinho e o branco. Lembro dos buracos no chão com profundidade de uns cinco metros. Aqueles que davam sorte ficavam bem de vida, quando achavam um veio do cristal”.
Sr. Lino foi lavrador, trabalhou em min