Geraldo Adriano: ‘Não fui motivado, fui jogado no mundo da leitura (risos)’

Série Membros da ALARC

Mar 14, 2025 - 10:59
Mar 14, 2025 - 12:38
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Geraldo Adriano: ‘Não fui motivado, fui jogado no mundo da leitura (risos)’


Geraldo Adriano da Silva, 51 anos, é popular em Arcos pela sua atuação profissional e irreverência demonstrada nos vídeos e textos que posta em redes sociais, proporcionando alegria e leveza para o dia a dia dos seus seguidores.

Nas homenagens póstumas, tem o dom de emocionar e evidenciar que cada um tem sua importância e devemos conviver bem enquanto podemos.  

Demonstra, por meio da escrita, especial apreço pela cidade e sua gente, registrando as particularidades e nuances da cultura local. 
Escreve desde a infância. “Claro que com aquele estilo de criança mesmo, sem instruções gramaticais”, comenta, acrescentando que na adolescência gostava de escrever poesia. Já “perdeu as contas” de quantos textos produziu, mas sabe que foram mais de cem.

As fontes de inspiração estão relacionadas ao seu “estado de espírito conectado com Deus e vivências a partir de um olhar que tenta ser sensível ao captar o dia a dia”. Acrescenta:

“Claro que amo a sutileza e docilidade de Cecília Meireles, a introspecção de Clarice Lispector, a reflexão e elegância de Machado de Assis e a delicadeza de Quintana ao falar do cotidiano”.

Geraldo está na Academia de Letras de Arcos (ALARC) desde a fundação, em 03 de dezembro de 2020, portanto, é um dos Acadêmicos Fundadores. Sua patrona é a professora Maria da Conceição Amin, que lecionou nas escolas Vila Boa Vista, Dorvina Arantes e Santo Antônio, também tendo trabalhado na Secretaria Municipal de Educação de Arcos (equipe pedagógica).

Ex-funcionário do Jornal CCO

Geraldo Adriano trabalhou na redação do Correio Centro-Oeste em 1996, produzindo matérias.  Certa vez, o diretor pediu que ele relatasse a ocorrência de enchentes no Município de Iguatama. Hoje, sorrindo, recorda como foi a reação do dono do jornal ao ler o texto dele: “Quando ele leu o que escrevi, ele disse que não poderia ser daquele jeito, pois eu tinha de passar a informação de maneira objetiva e clara. A partir de então, ele me deu a coluna social e eu descobri que gostava também da prosa poética. Meu estilo é introspectivo. Se eu participasse de algum movimento literário, escolheria o Simbolismo”.

O fato é que, naquela época, o então repórter já demonstrava preferência pelos textos subjetivos, cuja redação, aliás, pode ser considerada mais difícil do que aplicar técnicas de redação jornalística. Naquela pauta específica, era necessário que a beleza do texto dele desse lugar à simplicidade.  

Com formação em Letras, especialização em Língua Portuguesa e hábito de leitura, Geraldo tem vasto conhecimento gramatical e literário. Atualmente, leciona Língua Portuguesa no Instituto Pedagógico Arcoense (INPA) e está como coordenador do 6° ao 9° ano de projetos governamentais na Secretaria Municipal de Educação.

O ambiente que “gerou” o escritor e professor

O ambiente em que Geraldo cresceu contribuiu sobremaneira para a vocação e o caráter dele. “Minha mãe era grande contadora de histórias. Tia Irani e tia Nininha, irmãs da minha mãe, e minha avó materna Zarifa também contavam. Além das histórias que elas contavam, ouvia as histórias de outras vizinhas, como Dona Isaura, Dona Doca, Dona Alaíde Zacarias, Dona Luzia Leite. Por sua vez, a Dos Reis [minha irmã], no mundo dos livros e professora de Língua Portuguesa, me contava os clássicos. Então, diante disso, eu não fui motivado, fui jogado no mundo da leitura (risos). Amando a leitura, a escrita veio logo”. Mas a “grande e eterna incentivadora” foi “Dos Reis”, salienta.

A mãe dele, Maria Vitória Rosa da Silva, era do lar e trabalhava lavando roupa e passando roupa para fora, enquanto foi necessário. O pai, José Vicente da Silva, era operário. Trabalhou nas empresas, quebrando pedras e enchendo caminhões com elas. O casal teve nove filhos, deixando a casa sempre movimentada e alegre.  

Os Mestres

Geraldo tem boas recordações do tempo em que estudou nas escolas públicas Yolanda Jovino Vaz e Berenice de Magalhães Pinto, assim como no Colégio Dom Belchior e no Unifor (Centro Universitário de Formiga). Foram muitos os professores que marcaram a infância e adolescência dele. Ele diz que fica até complicado citar nomes. Alguns deles: Geralda Magela Rodrigues, Vera Rodrigues Teixeira e Fátima Albino (escola “Yolanda”); Vera Nogueira, Maria Messias, Leide Damores, Lázara Teixeira, Ivone Rodrigues (escola “Berenice”); José Carlos de Assunção e Professor Humberto Soraggi (no “Dom Belchior”). “Não fui aluno da Dos Reis, mas ela marcou todas as fases da minha vida.  Na faculdade (Unifor), fiquei sublimado ao conhecer Maria Aparecida Resende”, salienta.

Livros

O acadêmico está com três livros “no forno”. A previsão é que um ou dois sejam publicados neste ano. 
Ele tem dois projetos já estruturados, faltando poucos ajustes: Caminhos Poéticos de Arcos e Arcoenses Ilustres, ambos em discussão com a presidente da ALARC, Rosana Silva.

Sobre a importância da ALARC para Arcos

Geraldo diz que a ALARC está ainda em construção e formação. Mesmo assim, já realiza concursos de redação e de poesia, envolvendo alunos e cidadãos arcoenses e incentivando-os para a escrita. Também faz homenagens que promovem o resgate cultural de Arcos. Ele adianta que há outros projetos.