História da Emancipação de Córrego Fundo: Meu relato – Pe. José de Castro Lima

Nov 7, 2024 - 17:17
Nov 7, 2024 - 17:23
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História da Emancipação de Córrego Fundo: Meu relato – Pe. José de Castro Lima


Como figura-chave no processo de emancipação política de Córrego Fundo, eu, José de Castro Lima, Pároco da Diocese de Luz e primeiro padre de Córrego Fundo após a emancipação, relembro os desafios enfrentados durante a luta pela independência do município.

A Assembleia Legislativa de Minas Gerais foi palco de momentos decisivos, com o deputado Dilson Melo desempenhando um papel de destaque. No entanto, nem todos os representantes políticos da região apoiaram a nossa causa, pois alguns resistiram à emancipação do distrito.
"Aqueles que vivenciaram o processo sabem o quanto foi difícil. Iniciamos os trabalhos com o lema: 'O muito sem Deus é nada, e o pouco com Deus é muito. É Deus na frente e nós atrás'. Essa foi a nossa força durante toda a trajetória", destaquei, enfatizando a importância da fé durante essa empreitada.


Também relembro as condições adversas que os moradores enfrentavam antes da emancipação. "Quem não se lembra do esgoto correndo a céu aberto? Foi um período de muitas dificuldades", comentei. A igreja, representada pela comissão da Capela de São José de Córrego Fundo, teve um papel fundamental no início do segundo e definitivo processo de emancipação do Município. A capela de São José, na época, estava sob jurisdição canônica da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, de Formiga.

Logo após minha chegada a Córrego Fundo, foi criada uma comissão de emancipação do distrito, que teve papel essencial na organização e execução dos primeiros passos rumo à independência política. Com a colaboração de muitos moradores, a comissão deu início aos trabalhos e mobilizou a comunidade em torno desse ideal.

As primeiras pessoas que me ajudaram quando Córrego Fundo ainda era distrito de Formiga e a capela de São José estava sob a paróquia do Sagrado Coração de Jesus de Formiga, foram “Messias do Tenente”, “Rafael do Jucão” e “Luiz do Cristino” (hoje juntos de Deus na eternidade), “Zé do Carmo (contador)”, “Sílvio (chaveiro)”, João Lobo, 
“Zé Américo (filho da Lua)”, “Luiz da Talica” e “Doca”. Hoje, rezamos por todos eles e por suas famílias.

(Foto: Cida Leal)

Com essas pessoas, reformamos a casa paroquial, o Salão do Padre Dionísio e a Capela de São José, que hoje é a Igreja Matriz Sagrada Família de Córrego Fundo. Foi com elas que também iniciamos a segunda investida rumo à emancipação política do município e propusemos a ideia à comunidade, que a aceitou bem. As três pessoas que mais ajudaram nesse processo foram “Valdir da Farmácia”, “Luiz (filho do Messias do Tenente)” e “Babá (filho do Beijo)”. Além disso, coube à Igreja, na minha pessoa, como Padre José de Castro Lima, conseguir um deputado que apoiasse a causa na Assembleia Legislativa.

Hoje, Córrego Fundo celebra sua autonomia, e graças a Deus, no último dia 23 de outubro, comemoramos 29 anos de emancipação política. As memórias da luta permanecem vivas em mim e naqueles que participaram ativamente desse capítulo histórico.

Pe. José de Castro Lima - Pároco na Diocese de Luz
Córrego Fundo - Minas Gerais, Brasil