Luxúria: ‘liberdade sexual’ e as desvantagens para as mulheres 

“A libertinagem sexual que hoje vemos sob slogans de liberdade sexual só trouxe e trará a destruição das pessoas, sejam mulheres ou homens, mas ainda acho que em particular as mulheres. [...] A mulher precisa de um cuidado e atenção especial que um ato sexual libidinoso não irá satisfazer” – Prof. Dr. Pedro Miranda.

Ago 26, 2024 - 16:06
Ago 26, 2024 - 16:07
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Luxúria: ‘liberdade sexual’ e as desvantagens para as mulheres 
Imagem ilustrativa (Canva)


Com esta matéria concluímos a série Vícios e Virtudes, abordando a Luxúria e seu oposto: a Castidade. Nosso consultor, Prof. Dr. Pedro Jeferson Miranda, fundamenta o tema em um trecho bíblico: “Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus”.

“Esse trecho do Sermão da Montanha é profundo e diz respeito à Pureza. A luxúria é um vício que diz respeito a uma desordem no campo do apetite concupiscível, mais especificamente no apetite do prazer sexual”.

Sobre o ato sexual, ele comenta:  “Assim como o alimento, quis Deus atribuir prazer ao ato sexual, mas esse ato deve dizer alguma coisa. Ou seja, o ato sexual deve apontar para a finalidade da união em matrimônio que é a geração de novas pessoas e a construção da família. [...]”.
Ao consideramos que é por meio do sexo que a humanidade continua existindo, há algo de Sagrado no ato: “Do ponto de vista histórico, o sexo é o meio pelo qual a espécie humana se perpetua no tempo. Esse ato é sagrado; e é pecado grave infringi-lo por motivos egoístas”.

O problema está nos comportamentos inadequados: “Hoje em dia, tudo está hipersexualizado, desde as letras e os ritmos de músicas, como os filmes, séries e cultura de massa de modo geral. Esse é um desvio grave de comportamento, pois gera uma dependência a um prazer grosseiro que nos rebaixa à animalidade”.

Consequências sociais

A partir do momento em que algumas mulheres passaram a requerer também a liberdade sexual, para se “igualarem aos homens”, de certo modo, isso acabou facilitando o adultério para ambos. Afinal, com essa ideologia, passou a ter mais mulheres disponíveis para o sexo descompromissado. As casadas, em muitos casos, perderam o privilégio de serem únicas para seus maridos. Se por um lado houve quem comemorasse essa liberdade de poder ter vários parceiros, por outro, muitas mulheres – feministas ou não – passaram a ser prejudicadas pelas consequências sociais: divórcios, filhos abandonados pela figura paterna (e mais vulneráveis a crimes sexuais), mães solteiras desamparadas.
Sobre essas questões, Prof. Pedro comenta:

“A libertinagem sexual que hoje vemos sob slogans de liberdade sexual só trouxe e trará a destruição das pessoas, sejam mulheres ou homens, mas ainda acho que em particular as mulheres. A psicologia da mulher é diferente da psicologia do homem. A mulher precisa de um cuidado e atenção especial que um ato sexual libidinoso não irá satisfazer. A mulher é a figura humana que pode ser uma mãe. Esse papel é um dos mais nobres de todo esse mundo: todos viemos de uma mãe”.

Outro fato preocupante, diz nosso entrevistado, é que a libertinagem sexual torna as relações humanas semelhantes à relação de consumo:
“Aquilo que era para ser prazeroso se torna rotina. Para sair da rotina, é necessário trazer elementos exóticos à relação sexual, até que isso chegue em certos limites obscenos donde o retorno à normalidade se tornará custosa”.

Quando se fala em luxúria, quem está mais propenso, os homens ou as mulheres?

O professor observa que homens e mulheres sofrem desse vício que “endurece o coração e ofusca o intelecto”. “Mas, de modo geral, os homens estão naturalmente mais propícios ao vício da luxúria por uma disposição física; bem como as mulheres estão mais naturalmente dispostas ao vício da vanglória”.

Como combater o vício da luxúria

“Todo ato sexual – e também os pensamentos – são atos luxuriosos, pois buscam o prazer pelo prazer, sem atingir a meta da relação sexual: a geração de uma nova alma humana. O vício da luxúria é um dos mais baixos, torpes e de difícil resolução, uma vez que se caiu nele. Para a libertação, é necessária muita convicção de seu mal, oração e jejum. O jejum é um modo de mortificação da carne que garante que os anseios físicos não sobrepujem as tirânicas demandas da carne”.

Jovens infelizes

Até mesmo o que é bom pode ser prejudicial quando há excesso. “O prazer excessivo atrofia a própria capacidade de sentir prazer, como o efeito de uma droga. É isso que observamos nos jovens de hoje que se entregaram à promiscuidade: são os mais tristes e infelizes, procuram qualquer farelo de felicidade que os preencha”, diz nosso consultor.

São Tomás de Aquino fala das oito “Filhas da luxúria”: “Cegueira da mente [consequência do desejo], irreflexão [falta de reflexão], inconstância, precipitação, amor de si, ódio de Deus, apego ao mundo e desespero em relação ao mundo futuro”. [No livro: Sobre o ensino (De magistro) – Os sete pecados capitais (com estudos introdutórios e tradução de Luiz Jean Lauand). Ele cita Gregório (Mor. XXXI, 45) na publicação - pág. 108].
Terminamos a série de reportagens e agradecemos ao Prof. Dr. Pedro Jeferson Miranda, que foi nosso consultor e entrevistado, tendo em vista seu conhecimento filosófico sobre Vícios e Virtudes. Ele atua na educação básica e superior como professor de física, matemática, química e biologia, além de lecionar filosofia tomista e línguas clássicas – grego e latim (aulas particulares). É Bacharel em Ciências Biológicas, Mestre e Doutor em Ciências - Física; Fundador e Conselheiro Geral da Confraria Tomista, dentre outras áreas de atuação. É paulistano, mas mora atualmente em Ponta Grossa/Paraná.