Marina, uma arcoense no frio do Sul

Marina Dias é uma arcoense que estuda Relações Públicas na Universidade Federal do RS e vive em Porto Alegre faz um ano, neste mês. Ela conta como é viver nas terras gaúchas e enfrentar o conhecido frio do Sul

Jun 21, 2023 - 19:19
Jun 27, 2023 - 11:51
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Marina, uma arcoense no frio do Sul
Marina e Arlene, às margens do Lago Guaíba (arquivo pessoal)


Não são pouco os jovens que saem de Arcos para continuar seus estudos em outras cidades. Muitos mudam para Belo Horizonte, Lavras, Uberaba, Divinópolis e Itaúna, entre outros municípios mineiros. Há arcoenses que vão buscar seus sonhos em lugares mais distantes e alguns para ‘terras’ que, mesmo que brasileiras, são muito diferentes de Arcos. 

Este é o caso de Marina Ferreira Dias. A Marina, filha da Arlene e do João Batista, que chegou à capital do estado do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, para completar 19 anos no mês seguinte. Neste mês, Marina completa seu primeiro ano em Porto Alegre. 

Arlene e Marina: a mãe acompanhando os primeiros dias

Como ela está vivendo num lugar que além de distante oferece um clima de temperaturas mais baixas, especialmente durante o inverno que inicia neste 21 de junho, o Jornal CCO entrevistou Marina Dias à distância para saber como está vivendo “Uma arcoense nas frias terras do Rio Grande do Sul”.

Marina foi aprovada em 1º lugar para cursar Relações Públicas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Segundo ela: “Minhas expectativas eram variadas, tinha receio da adaptação, pois falam que o ‘gaúcho’ é frio e fechado. Mas, discordei, logo no primeiro contato, pois fui bem recebida e acolhida por todos.

Marina com suas colegas e amigas Izabela, Jênifer, Rafaela, Roberta e a Profa. Ana Karin

Ela conta que estava muito animada para começar a cursar Comunicação na UFRGS. “Minhas expectativas foram superadas e estou muito realizada aqui”. Ela explica e justifica sua realização.

Marina conta que a cidade tem muitos espaços culturais para conhecer, tais como a Casa de Cultura Mário Quintana (espaço cultural, em homenagem a um dos poetas mais queridos dos gaúchos e de muitos brasileiros). Além dos ambientes voltados à cultura, há muitos ambientes naturais para passar o dia. Este é o caso do Parque Farroupilha, com uma grande área verde, na região central da cidade. Outro ponto que ela elogia: “A cidade não tem 100% jeito de capital, inclusive em alguns momentos no meu bairro me sinto no interior. Um extra seria que a cidade é plana em sua maior parte e também fica perto da praia [Porto Alegre está há 100km do Litoral Norte do Estado].

Outro lugar elogiado por ela é o ‘Cais Embarcadero’ às margens do lago, outrora chamado de rio. Marina justifica: “No Embarcadero (antigo cais de Porto Alegre) possui uma bela visão do pôr do sol no lago Guaíba e diversos restaurantes com comidas e bebidas gostosas”.

Marina na Casa de Cultura Mário Quintana, instalada no histórico Hotel Majestic, no Centro da capital

Ela também elogia as ‘infinitas’ opções gastronômicas que vem encontrando na capital gaúcha. Mas, ela faz uma crítica: “Como toda capital ela possui seus perigos, o que tira minha liberdade de andar a pé por ‘POA’ depois das 19h”. 

Tendo vivenciado, há poucos dias, a passagem de um ciclone extratropical que causou muitos prejuízos a Porto Alegre, ela conta que a chuva é outro problema para a cidade, ocasionando quedas de árvores e falta de energia elétrica. Marina avalia: “No geral, vejo mais pontos positivos do que negativos em Porto Alegre”. 

Marina com o namorado gaúcho, Leonardo, visitando o Convento Boavetura, na cidade de Imigrante (RS)

Ela conta: “Tive facilidade em fazer amizades na faculdade e acabei conhecendo outros amigos com o tempo, o que foi fundamental para me sentir em casa, mesmo estando tão longe de Minas” [Conforme o Google, Porto Alegre está 1.626,5 km distante de Arcos].

Marina diz que percebeu muitas diferenças entre Arcos e Porto Alegre, entre elas: os hábitos e as comidas e, como exemplo ela diz que tem buffet livre em todo o lugar, já o self-service no quilo ela afirma que é difícil de encontrar. “Os gaúchos realmente amam churrasco e conseguem encaixá-lo em qualquer situação, ou acabam inventando uma ocasião para fazer um churrasco”.

Marina com a amiga Stela, comemorando aniversário na Serra Gaúcha (Canela/RS)

Ela diz que outra diferença muito grande é no sotaque, nas gírias e expressões, tal como o "bah", que para ela substitui as variações do ‘nu’ mineiro. Ela também acredita que a cultura é muito mais valorizada e praticada, tal como ocorre com o tradicionalismo gaúcho é muito forte e presente.

Enfrentando o frio lá do Sul

A mineira arcoense diz que está enfrentando o frio com muito casaco, antialérgico e comidas quentes. “É algo difícil de acostumar. Os gaúchos conseguem lidar melhor e com normalidade, tomam um chimarrão, colocam um casaco e já está tudo certo”. Ela conta que, para uma arcoense, tem sido difícil lidar com as temperaturas abaixo de 10 graus, os dias cinzas e as chuvas infinitas, o que torna o clima muito úmido.  [Porto Alegre tem registrado temperaturas em torno de 5ºC]. 

“É preciso muita motivação, e uma boa blusa térmica para sair de casa pela manhã. Outro ponto ruim, é que os ambientes fechados costumam ser quentes, então é preciso encontrar roupas que conciliem o frio externo e a temperatura interna”. Ela diz que em alguns dias é possível sair de jeans, blusa de gola e moletom. Mas se a temperatura cai muito, é preciso usar cachecol, luvas e até mesmo roupas térmicas.

A alimentação é aliada 

Ela afirma que a sopa de capeletti, o fondue, o chimarrão e o café são aliados do frio por aqui. Mas, confessa que sente saudade do caldinho de feijão, prato que não é tão comum das terras gaúchas. “Gosto muito do fondue e do café. Estou me adaptando com o chimarrão, mas realmente é gostoso de tomar no frio”.

Marina com visitas mineiras, no seu primeiro aniversário em Porto Alegre (2022): Marina, Stela, Andréa e Denise

Marina chegou em junho de 2022, ao mesmo tempo em que uma frente fria chegava ao Rio Grande do Sul, provocando sensação térmica de 3ºC pela manhã. Para ela, parece que, no ano passado, estava mais frio. Mas, ela atribui também à falta de costume com as temperaturas baixas e explica que junho é um mês ‘gelado’, mas acredita que nos próximos meses as temperaturas devam se estabilizar. 

A arcoense que está se acostumando com o chimarrão, encerra dizendo: “No geral, o Rio Grande do Sul me conquistou, são inúmeros lugares para conhecer, uma cultura muito interessante, comidas gostosas e uma galera muito querida. É claro que sinto falta de muitas coisas de Minas, mas fiz uma boa escolha ao me mudar”.

Marina com os colegas de aula, em frente ao Planetário da UFRGS Professor José Baptista Pereira (foto: Bruno Correa)