MPMG realiza evento para aprimorar atuação na defesa das vítimas de violência

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf), está promovendo hoje e amanhã, 13 e 14 de novembro, o workshop Efeitos traumáticos nas vítimas de violência e seus desdobramentos na escuta e no acolhimento.
A ação educacional, que está sendo realizada no formato virtual, reuniu mais de 150 participantes, entre eles, integrantes do MPMG e o público em geral.
Na abertura do evento, a promotora de Justiça Ana Tereza Ribeiro Salles Giacomini, coordenadora do Centro Estadual de Apoio às Vítimas do MPMG, informou que o workshop tem o objetivo de promover um aprimoramento da atuação de profissionais desse segmento, para que desenvolvam um olhar mais técnico e humanizado sobre os direitos das vítimas.
A palestrante da ação educacional é a psicóloga Arielle Sagrillo Scarpati, que é mestre em Psicologia Social, doutora em Psicologia Forense e trabalha há mais de 10 anos com pesquisa, intervenções clínicas e sociais com ênfase nas vulnerabilidades sociais, violência de gênero, masculinidade e saúde mental. Ela falou sobre Atendimento a casos de violência: cuidados e orientações para uma escuta qualificada.
O conteúdo está abordando os seguintes tópicos: violência e vitimização, trauma, memória, entrevista, na prática, revitimização, escuta e, ao final, encaminhamentos.
Durante sua apresentação, Arielle esclareceu o que ela chama de ‘espiral’ (e não ciclo) da violência. Segundo a psicóloga, quando se fala em ciclo das fases de comportamento do agressor fica subentendido que, depois de um episódio de violência, a situação entre vítima e agressor retorna ao mesmo lugar de antes. Porém, isso não é verdade. "Após uma agressão, seja ela qual for, os comportamentos se repetem, mas há diminuição dos intervalos e aumento da frequência e da intensidade das ocorrências", explicou. Ela advertiu os participantes de que, em uma escuta, por exemplo, a vítima não pode sair achando que o episódio foi um fato isolado e que tudo voltará a ser como antes. "É importante orientar que as agressões vão se agravar", disse.
Ela afirmou também que a violência psicológica não é somente um fator de risco para a violência física. "A violência psicológica já é uma violência por si só. Ela traz danos tão prejudicais quanto a violência física ou até mais graves. Isso ocorre porque a violência psicológica tende a ser negligenciada, porque existe dificuldade de reconhecimento. Então há tendência de acontecer durante muito mais tempo", salientou.
Arielle ainda destacou as diversas ocasiões em que pode haver revitimização em instâncias formais, como delegacias, repartições da administração pública, fóruns e varas judiciais. "Evitar a revitimização não é papel de uma só pessoa, mas de todos que trabalham e têm contato com a vítima", afirmou. Ela falou também sobre a necessidade de se fazer um atendimento humanizado, mais assertivo.
Ao fim da exposição de conteúdo do primeiro dia do evento, a promotora de Justiça Ana Tereza Giacomini ressaltou a importância das provocações e reflexões feitas na ação educacional. Ela ainda comentou sobre a necessidade de, em determinadas situações, reavaliar algumas atitudes e de pensar em estratégias para realizar um tratamento mais humanizado.
Fonte: Ministério Publico MG