MPMG realiza evento para aprimorar atuação na defesa das vítimas de violência

Nov 13, 2023 - 20:10
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MPMG realiza evento para aprimorar atuação na defesa das vítimas de violência


O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf), está promovendo hoje e amanhã, 13 e 14 de novembro, o workshop Efeitos traumáticos nas vítimas de violência e seus desdobramentos na escuta e no acolhimento.

A ação educacional, que está sendo realizada no formato virtual, reuniu mais de 150 participantes, entre eles, integrantes do MPMG e o público em geral.

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Na abertura do evento, a promotora de Justiça Ana Tereza Ribeiro Salles Giacomini, coordenadora do Centro Estadual de Apoio às Vítimas do MPMG, informou que o workshop tem o objetivo de promover um aprimoramento da atuação de profissionais desse segmento, para que desenvolvam um olhar mais técnico e humanizado sobre os direitos das vítimas.

A palestrante da ação educacional é a psicóloga Arielle Sagrillo Scarpati, que é mestre em Psicologia Social, doutora em Psicologia Forense e trabalha há mais de 10 anos com pesquisa, intervenções clínicas e sociais com ênfase nas vulnerabilidades sociais, violência de gênero, masculinidade e saúde mental. Ela falou sobre Atendimento a casos de violência: cuidados e orientações para uma escuta qualificada.

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O conteúdo está abordando os seguintes tópicos: violência e vitimização, trauma, memória, entrevista, na prática, revitimização, escuta e, ao final, encaminhamentos.

Durante sua apresentação, Arielle esclareceu o que ela chama de ‘espiral’ (e não ciclo) da violência. Segundo a psicóloga, quando se fala em ciclo das fases de comportamento do agressor fica subentendido que, depois de um episódio de violência, a situação entre vítima e agressor retorna ao mesmo lugar de antes. Porém, isso não é verdade. "Após uma agressão, seja ela qual for, os comportamentos se repetem, mas há diminuição dos intervalos e aumento da frequência e da intensidade das ocorrências", explicou. Ela advertiu os participantes de que, em uma escuta, por exemplo, a vítima não pode sair achando que o episódio foi um fato isolado e que tudo voltará a ser como antes. "É importante orientar que as agressões vão se agravar", disse.

Ela afirmou também que a violência psicológica não é somente um fator de risco para a violência física. "A violência psicológica já é uma violência por si só. Ela traz danos tão prejudicais quanto a violência física ou até mais graves. Isso ocorre porque a violência psicológica tende a ser negligenciada, porque existe dificuldade de reconhecimento. Então há tendência de acontecer durante muito mais tempo", salientou.

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Arielle ainda destacou as diversas ocasiões em que pode haver revitimização em instâncias formais, como delegacias, repartições da administração pública, fóruns e varas judiciais. "Evitar a revitimização não é papel de uma só pessoa, mas de todos que trabalham e têm contato com a vítima", afirmou. Ela falou também sobre a necessidade de se fazer um atendimento humanizado, mais assertivo.

Ao fim da exposição de conteúdo do primeiro dia do evento, a promotora de Justiça Ana Tereza Giacomini ressaltou a importância das provocações e reflexões feitas na ação educacional. Ela ainda comentou sobre a necessidade de, em determinadas situações, reavaliar algumas atitudes e de pensar em estratégias para realizar um tratamento mais humanizado.

Fonte: Ministério Publico MG