Paróquia de Arcos conta com intérpretes de Libras durante missas

Três amigas “motivadas em proporcionar acessibilidade para a comunidade surda e retribuir o dom herdado de Deus” tiveram a ideia de realizar a interpretação e tradução de missas para os surdos utilizando a Língua Brasileira de Sinais (Libras). São as professoras e intérpretes Adriana de Souza Couto, Daniella Guimarães e Isabela Teixeira.
A partir de então, a proposta foi levada à paróquia Nossa Senhora do Carmo e a Pastoral dos Surdos foi fundada em 14 de julho de 2019. O trabalho é realizado nas missas de sábado, das 18h às 19h, na Igreja Matriz.
As imagens abaixo foram feitas no dia 25 de dezembro de 2024, quando estavam participando da missa integrantes das pastorais de Arcos e Iguatama e visitantes de Belo Horizonte.
Segundo Adriana Couto, quando há demanda em outras paróquias, em casos esporádicos, a equipe tenta atender. É o que acontece, por exemplo, nas celebrações em que ocorre a 1ª Eucaristia.
As intérpretes e tradutoras são: Carla Reis Pfister, Daniella Guimarães da Cunha, Juscelina Vidal, Karine Assis Teixeira Silva e Isabella Teixeira.
Adriana explica que os intérpretes de Libras facilitam a comunicação, ajudam a incluir a comunidade surda dentro da igreja e evangeliza. “A Comunidade Surda merece atenção e respeito” - enfatiza e faz o convite: “Venha fazer parte da Pastoral dos Surdos e se deslumbrar com uma língua apaixonante. ‘A língua de sinais é para os olhos o que as palavras são para os ouvidos’ ”.
Atualmente, há uma média de quatro católicos surdos frequentes nas missas.
“Que nós surdos possamos vivenciar e fortalecer nossa fé, e que tenhamos uma vida cristã abençoada e acessível na nossa língua [...]”
José Maria da Silva e a família, quando estavam participando de um encontro na Pastoral do Surdo de Belo Horizonte
José Maria da Silva, 48 anos, analista de sistemas, nasceu em Formiga, mas ele e a família sempre moraram em Arcos. É surdo profundo de nascença.
Ele falou ao Portal CCO sobre a importância de poder participar da missa com acesso à Libras e externou sua gratidão às intérpretes. “Conseguimos participar efetivamente e temos um entendimento melhor da Palavra de Deus”.
A primeira participação dele em uma missa traduzida em Libras foi em 1996, quando fazia pré-vestibular em Belo Horizonte. Lá ele passou a frequentar a Pastoral do Surdo. O mesmo ocorreu quando foi morar no Rio de Janeiro, tendo a oportunidade de frequentar pastorais dos surdos da região onde morava. Voltando a morar na capital mineira, passou a frequentar a Pastoral novamente e foi ministro da Eucaristia dentro da mesma Pastoral, tendo participado de Encontro de Casal Surdo e de retiros. “Fizemos algumas viagens católicas, inclusive para o encontro anual de todas as pastorais dos surdos do Brasil em Aparecida, que acontece uma vez no ano na Basílica Nossa Senhora de Aparecida”.
Voltou a morar em Arcos em dezembro de 2023 e em julho de 2024 foi convidado a ser o coordenador da Pastoral do Surdo.
“Estou hoje como coordenador e espero que a gente possa trazer mais e mais surdos para essa experiência maravilhosa que é ter esse contato mais próximo de Deus por meio da Libras. Que nós surdos possamos vivenciar e fortalecer nossa fé, e que tenhamos uma vida cristã abençoada e acessível na nossa língua, pois onde a palavra de Deus chega com clareza, ela produz muito mais frutos. Aproveito para agradecer as intérpretes de Libras que desempenham um ótimo trabalho”, comentou.
José Maria é casado com Karine Assis e o casal tem dois filhos.