Série Gente Nossa: Helena, a simpatia de uma doceira arcoense que é referência em bordado ‘ponto cruz’
Helena Bretas, moradora do Gameleira, começou a bordar aos 14 anos de idade, tornou-se referência em ‘ponto cruz’ e já confeccionou muitos enxovais para as noivas de Arcos

Helena Francisca Gonçalves Bretas, arcoense de 81 anos foi convidada pelo CCO para participar do espaço “Gente Nossa” que apresenta arcoenses que, com suas histórias de vida, contribuem para a trajetória da cidade. Ela recebeu o CCO na varanda de sua casa, ao som dos passarinhos.
Ela nasceu em 11 de agosto de 1943, portanto, antes da emancipação do Município. Ela é filha de Avelino Gonçalves Damasceno e Maria Francisca de Jesus. Helena é uma dentre os dez filhos, dos quais somente ela e o irmão Francisco ainda vivem. Ambos residem no Gameleira há metros de distância entre um e outro.
Conforme contou ao CCO, em entrevista para a série Bairros de Arcos, em março de 2023, a família é fundadora do bairro Gameleira. Helena lembrou naquela oportunidade: “Minha avó Francisca Honório do Nascimento era ‘dos Davi’ [família]. Meu avô Otaviano Justiniano Borges era descendente de escravos e veio de Nazaré (MG) com ‘os Ribeiros’ (família do Coronel José Ribeiro). Ele era como um empregado que participava da família, pois fazia as refeições junto com eles”. Isso aconteceu por volta do início do século passado (1900).
Fábio, Helena, Flávia e Cristina
Helena casou-se com Enéas Bretas, de quem é viúva há nove anos. O casal teve três filhos, Fábio, Flávia e Cristina e quatro netos: Bárbara Helena, Antônio Francisco e Maria Tereza e Ester.
Helena estudou até o 4° ano do ‘Curso Primário’, no Grupo Escolar Yolanda Jovino Vaz. Ela começou a bordar aos 14 anos de idade.
Ela diz que não se lembra de muita coisa antes de seus sete anos de idade. Mas, ela lembra de quando começou a estudar e de quando iniciou as aulas de catecismo na Igreja Nossa Senhora do Carmo, com a Srª. Adamores Valadão, que era considerada uma líder da comunidade. “Meu avô era muito católico e a família, até hoje é muito religiosa. Meu pai era vicentino” – afirma.
Desde menina muito trabalho
Antes de ser bordadeira, ela, ainda menina, trabalhava de faxineira nas casas das famílias ricas. “Depois, vendo minha irmã bordar, eu comecei a tomar gosto pelo bordado. Eu tinha 14 anos e não saía muito”.
“Sempre trabalhei na roça ajudando meu pai, plantando e colhendo feijão, fazendo farinha de mandioca, etc. Naquela época não tinha emprego. Era muito difícil. Também colhia café. Mas, sempre trabalhei com alegria” – disse, lembrando dos tempos difíceis.
Vivendo em outros lugares
“Depois eu casei e sai de Arcos durante uns 15 ou 20 anos, morei fora de Arcos. Morei em acampamentos de obras em cidades de São Paulo e Paraná, além de Betim e Sabará, entre outras cidades mineiras, inclusive Belo Horizonte”.
Ela conta que, quando morou em Belo Horizonte, participava em vendia muito nas feiras de sábado do ‘Padre Eustáquio’ (bairro). “Todo o sábado eu vendia pano de prato adoidado. Meu menino vendia os panos de prato e certa vez uma senhora quis pagar com cheque e meu menino disse que não a conhecia e, por isso não iria aceitar o cheque”. Mas, ela disse que a pessoa ficou tão interessada nos panos de prato que pediu o endereço ao menino e foi até a casa de Helena para comprar.
De volta a Arcos
Voltando a Arcos, Helena começou a fazer doces para vender e até hoje faz doces, inclusive sua famosa e incomparável ‘goiabada’. “Eu já tenho a turma que compra e eu nem preciso sair para vender. Daí, eu me animo a fazer”. Ela lembrou de que somente nos meses dezembro, janeiro e fevereiro é que há goiaba para fazer a goiabada.
Além do trabalho como doceira e bordadeira, Helena gosta mesmo é de ler. Ela lê tudo que pode. “Sou assinante do Correio Centro-Oeste desde o início e já li muitos livros e tudo o que é possível. Até bula de remédio. Mas, gosto mesmo é de ler jornal e, na televisão, gosto dos noticiários”.
“Gosto muito da política, mas ninguém sabe em quem eu voto” – disse, justificando que gosta da agitação.
Ela que não gosta de fofoca e, dizendo que a maior alegria é sua família. “Os dias mais felizes da minha vida foi quando casei e ganhei meus filhos e netos.
Helena com a família na exposição fotográfica FACES na Casa de Cultura Maria do Carmos Frias
Helena conquista o troféu 'Janer José Faria, 1º lugar do prêmio da Academia de Letras de Arcos, na categoria 'Causos de Arcos'
Helena conclui deixando uma mensagem deixou uma mensagem para os jovens: “Sejam honestos e sábios. Com ‘as mãos limpas’ se vai longe”
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