Série Influencers de Arcos: a história de superação e sucesso da arcoense Beatriz Assis, dona do Brechó da Bibi 

Quando a família teve problemas financeiros, em 2015, o casal não se acomodou e não ficou dependendo de assistencialismo; Beatriz tornou-se empreendedora  

Set 18, 2024 - 14:02
Set 18, 2024 - 14:26
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Série Influencers de Arcos: a história de superação e sucesso da arcoense Beatriz Assis, dona do Brechó da Bibi 


Beatriz de Fátima Assis, 37 anos, é a idealizadora e proprietária do “Brechó da Bibi”, inaugurado em Arcos há cinco anos (03 de setembro de 2019). A loja fica na rua do Rosário, 300, bairro São José.

Bibi é a principal influencer do seu próprio negócio e algumas empresas costumam fechar parcerias com ela, para divulgação no perfil “Brechó da Bibi”. Atualmente, o perfil tem uma visualização média, nos stories, de 900 pessoas por dia.

Bibi é arcoense e morou na Comunidade da Ilha até os 18 anos. Naquela comunidade, foi babá e empregada doméstica. Ao terminar o ensino médio, veio para a cidade trabalhar no comércio. Foi funcionária de duas lojas de roupas e também trabalhou em uma recapagem de pneus.

Vídeo: @sibellycreate

Depois de casada, mudou-se para São Paulo, onde morou durante anos. O marido da Bibi é o terapeuta Fillipi Moreira de Assis. O casal tem dois filhos:  Sthefany (de 16 anos) e Ester (de 8 anos).

Empresa roubada em São Paulo

Em 2015, Bibi e o marido tinham um depósito de materiais de construção em São Paulo. O nome era "Do Teto ao Piso Materiais de Construção”. Em setembro daquele ano, fizeram uma viagem para a cidade dos pais do Filipi. Foram no fim de semana e ficaram na segunda-feira, que era feriado. Quando retornaram, na terça-feira, encontraram o depósito vazio.

Os ladrões haviam arrombado a entrada dos fundos e levaram tudo, inclusive o caminhão. “Ficamos sem chão. Na época, nós quebramos e não conseguimos nos reerguer. Praticamente tudo do depósito, nós comprávamos no boleto para pagar com 30/60 dias”.

Sem mercadorias, ficaram sem dinheiro e acumularam dívidas. “Infelizmente, por causa disso, nosso nome sujou e acumulamos dívidas enormes”.

Com uma filha de 8 anos e grávida, Bibi estava sem condições de trabalhar fora. O marido dela ficou um ano em busca de emprego, mas conseguia apenas trabalhos temporários. “Ele tentava se virar como podia, vendendo bolo no pote, minipizza, trabalhava nas madrugadas montando palcos de show”. No entanto, a renda não era suficiente e Bibi teve que vender o que tinha em casa, para ajudar na despesa. “Eu vendi muitas coisas do nosso lar, TVs, videogames, lavadora de alta pressão e várias outras coisas até chegar ao ponto de ficarmos apenas com o básico”, lembra.

E como surgiu a ideia do brechó?

“Quando não tinha mais nada para vender, eu fiquei desesperada”. Ainda em São Paulo, a família estava morando em uma casa alugada pelos irmãos da igreja. Também passaram as contas de água e a luz para o nome deles e ajudaram com cestas básicas por dois meses e com outras despesas, como o enxoval da menina que estava para nascer. O casal ficou muito grato, mas preocupado em não conseguir pagar futuramente. “Não queríamos, de forma alguma, sujar o nome de quem havia nos ajudado tanto”.

Foi a partir daí que Bibi começou com o brechó, em São Paulo. “E assim foi! Passou-se um tempo e quando a Ester tinha mais ou menos 45 dias de vida, eu inaugurei meu primeiro brechó”. A família morava em uma casa de fundo e a loja foi improvisada na varanda.

Bibi conta que começou com as roupas da família mesmo. “Lembro que meu marido, por exemplo, ficou só com um sapato, um chinelo, algumas poucas roupas de ir à igreja e apenas o básico de ficar em casa. O resto, eu coloquei tudo para vender junto com as minhas roupas e algumas de nossa filha mais velha”.

O objetivo era sobreviver. “Foi um período muito difícil de nossas vidas. Já passamos uma semana inteira comendo apenas ‘bolinho de chuva’, para ter dinheiro para pagar nossa conta de luz. Diversas vezes eu dormi chorando, com medo de ter que ir morar na rua com a minha família, porque na época, lá em São Paulo, nem eu e nem meu marido tínhamos parente morando perto, estávamos sozinhos”.

O brechó atualmente

Hoje, os fornecedores são os próprios clientes. Elas deixam seus “desapegos”, Bibi avalia e combinam o preço. O pagamento pode ser tanto em dinheiro quanto em crédito no brechó. Todas as roupas são lavadas antes de serem expostas.

A loja tem clientes/fornecedoras de quase todas as cidades vizinhas e algumas de Santo Antônio do Monte e Belo Horizonte.

Bibi comercializa moda feminina, masculina e infantil, sapatos, acessórios, decoração e brinquedos. Trabalham três pessoas na loja: Sthefany (filha da Bibi), a sobrinha Sibelly e a irmã, Rosimeire.

O horário de expediente é de 09 às 18h de segunda a sexta; aos sábados, das 09 às 13. Periodicamente, a loja fica aberta depois das 18h30, no “Plantão do Brechó da Bibi”, para atender às necessidades de muitas clientes que não conseguem ir à loja no horário comercial.
 
Quem são os clientes?

“São pessoas que querem ou precisam economizar. Como as roupas que vendo sempre têm um estado de conservação muito bom, várias dizem que compensa muito mais comprar no brechó, por serem quase novas, do que comprar na loja uma nova, pois a diferença de preço geralmente é muito grande e a qualidade não muda tanto”.

Os preços variam entre R$ 1 a R$ 100 reais (vestidos de festa). O restante é entre R$ 5/10/20/29,90/normalmente até 49,90.

Comunicação com o público  

Bibi e sua equipe demonstram criatividade nos vídeos divulgados nas redes sociais, atraindo os seguidores e gerando interesse em conhecer o “Brechó da Bibi”. “Eu já consumi muito conteúdo gratuito sobre marketing nos meus tempos vagos, sempre quando tem live de algum especialista que eu sigo, faço o possível para assistir”, comenta.

Expectativa superada

Como ela mesma disse, deu início ao brechó com o objetivo de sobrevivência da família. Isso foi mais do que superado.

“Graças a Deus, minha família e eu sobrevivemos àquele momento difícil e, COM CERTEZA, minha expectativa foi mais do que superada. [...] Este ano completam oito anos que somos sustentados pelo Brechó e, atualmente, temos alguns projetos em andamento que só estão sendo possíveis pelas portas que o brechó nos abriu”.

Bibi diz que sua principal conquista foi poder voltar para Arcos. Afirma que é bem mais feliz aqui do que quando morava lá, mesmo quando a família tinha o depósito de materiais de construção.  

As conquistas financeiras também foram importantes. “Moramos em uma boa casa, temos um bom carro, tudo fruto do brechó”, comemora.

Um curso ensinando tudo

Depois do que viveu desde setembro de 2015, quando ela e a família ficaram sem nada e se reergueram com o investimento no brechó, Bibi tem muito o que ensinar. Ela está com um projeto em andamento para lançar um curso sobre o que aprendeu nesses oito anos de mercado: todas as estratégias de marketing, empreendedorismo e comunicação nas redes sociais. “Se eu consegui o que consegui em um nicho que oito anos atrás sofria tanto preconceito, imagina o que minhas futuras alunas poderão alcançar usando as mesmas estratégias em nichos muito mais promissores!”.

Palestras

Bibi já fez três palestras. A primeira, contando sua história, foi na Câmara Municipal, a convite dos “Doutorzinhos do bem”. Depois, foi convidada pela responsável pelo projeto “Mulheres que Empreendem” para um bate-papo sobre empreendedorismo. Por último, na escola estadual Vila Boa Vista, onde falou sobre moda sustentável.

Também já recebeu premiações do Foguete Digital e Destak Digital.