Silvio da Cunha, empresário do comércio arcoense faleceu nesta quarta-feira, 10

Na manhã desta quarta-feira, 10 de julho de 2024, faleceu Silvio da Cunha, aos 95 anos de idade. Ele estava internado na Santa Casa de Arcos há dois meses. 

Jul 10, 2024 - 17:45
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Silvio da Cunha, empresário do comércio arcoense faleceu nesta quarta-feira, 10
Foto: Arquivo Jornal CCO


Silvio nasceu em 16 de junho de 1929. Ele deixa os filhos Rosalvo, Ana Maria, Silvinho, Gustavo, Sara, Selmo, Alice, Jucy e Stella, genros, noras, netos, bisnetos.

Por esta relação singular com Arcos, em 2010, o Jornal CCO publicou uma reportagem, contando a história do fundador da ‘Casa do Construtor’ e, como singela e carinhosa homenagem, o Portal CCO republica a matéria, prestando seu reconhecimento ao empresário, cuja trajetória faz parte da história de Arcos.

(Matéria veiculada no Jornal Correio Centro-Oeste, na edição de 28/11/2010)

Conheça a história do empresário arcoense que começou a carreira como embalador
Sílvio da Cunha, ao centro, junto aos filhos

Sílvio da Cunha, 81 anos, proprietário da ‘Casa do Construtor’, foi casado com a professora Maria Nogueira Araújo da Cunha (falecida), com quem teve 11 filhos. Dois faleceram. Ele fala com orgulho da família e conta que alguns seguiram seu ramo de atuação, trabalhando como comerciantes e se formando em Administração de Empresas. Os outros optaram por estudar fisioterapia, biologia, engenharia civil, informática e direito. Sílvio da Cunha se envaidece ao contar que tem 10 netos. E, quando fala da esposa, demonstra amor e gratidão. “Ela me ajudou demais, até financeiramente, era professora aqui na escola ‘Yolanda Jovino Vaz’”.

Silvio (ao centro) com sua família

Nosso entrevistado é arcoense, filho de Maria Assunção Dias e Manoel Jacinto da Cunha. Ele conta que seu pai era o único sapateiro de Arcos. “Tentei até aprender o ofício, mas não gostei”. O destino dele seria o comércio. Quando concluiu o 4º ano do então “grupo escolar”, trabalhou em um armazém na rua Niterói por quatro anos. Depois foi funcionário de um depósito de creme chamado “Irmãos Faria” e de lá foi trabalhar num bar, onde posteriormente seria o “Bar do Idolves”.

‘Casa do Construtor’

Em uma ocasião em que estava desempregado, seu amigo Sebastião Borges, funcionário da antiga ‘Casa do Azor’  – um atacado de cereais que ficava próximo à ‘Casa Edson’ – disse a ele que tinha uma vaga de trabalho para limpeza de armazém e embalador. Sílvio da Cunha aceitou o emprego e lá trabalhou por 24 anos com Azor Vieira de Faria, no bairro Niterói. Ele conta que o patrão se mudou para Pará de Minas e tentou vender a firma. Sem sucesso, decidiu deixar o comércio para ele administrar. Na época, Sílvio da Cunha fazia uma retirada de salário mínimo e tinha 20% do lucro líquido. O entrevistado lembra que seu antigo patrão ficou muitos anos e colocou o nome ‘Casa do Construtor’. De atacado de cereais, o empreendimento – que continua na rua 25 de Dezembro – passou a ser a primeira casa de material de construção de Arcos.

A chegada da Lafarge a Arcos

Sílvio da Cunha lembra que representantes da multinacional Larfage – líder mundial em materiais de construção – chegaram a Arcos e apreciaram as jazidas calcárias. Logo compraram a antiga ‘Laminação Pains’, “que era uma miniatura da fábrica construída posteriormente”. Ele conta que fez amizade com os funcionários da indústria e, durante uma conversa propuseram que Sílvio representasse o cimento da Lafarge. “E eu aceitei, né! A conversa foi num domingo, na segunda feira eles mandaram um chefe de vendas aqui registrar a firma”, relata. Orgulhoso, ele menciona que foi o primeiro comerciante a revender o cimento da Lafarge em Arcos. O primeiro caminhão de cimento distribuído na cidade também foi ele quem providenciou.

“A cidade antigamente era muito atrasada, puxa vida!”, expressa Sílvio da Cunha, ao fazer uma comparação com os dias atuais.  Ele diz que uma das maiores dificuldades era a falta de transporte. “Os recursos eram todos em Belo Horizonte e não tinha transporte pra lá, era uma dificuldade danada. Para ir a Belo Horizonte, você tinha que sair daqui, dormir em Formiga e, no outro dia, pegar o ônibus pra ir pra Belo Horizonte. Gastava o dia inteiro”, lembra.

Sílvio da Cunha destaca os governos de Edgar Faria e Hilda Andrade

Sílvio da Cunha tem recordações da época em que o centro da cidade não tinha nenhum tipo de calçamento. “Da escola ‘Yolanda Jovino Vaz’ até no Posto Central (início da avenida Governador Valadares) não tinha nada, nem casas; calçamentos nas ruas também não existiam. Mas isso mudou quando Edgar Faria (gestões 1959 a 1963 e 1967 a 1971) foi eleito prefeito de Arcos. Ele fez o primeiro calçamento, que começou pela rua da escola Yolanda”, ressalta e completa que o trabalho desenvolvido pela ex-prefeita Hilda Borges de Andrade (1989 a 1992 e de 1997 a 2000) foi muito importante para a cidade. Ele acredita que Arcos começou a se desenvolver na época (1989), graças ao governo dela.

Ao relembrar os aspectos da estrutura urbana de Arcos, Sílvio da Cunha se diz surpreendido. Na condição de comerciante, acredita que teve sorte. “A cidade desenvolveu muito em todos os setores. Foi uma surpresa, e até hoje está desenvolvendo. E eu tive um golpe de sorte, a cidade melhorou, o comércio melhorou, tudo melhorou aqui, então eu tive sorte”, comenta, referindo-se ao desenvolvimento de sua empresa. Ele acredita que a ‘Casa do Construtor’ é uma empresa que contribui para esse desenvolvimento. “Contribuiu e muito, eu financiei muita casa aqui dentro da cidade”, comenta, satisfeito.

Lazer

Quando o assunto é lazer, Sílvio da Cunha comenta sobre sua paixão pela pescaria. Ele conta que já foi para o Mato Grosso, Pantanal e Urucuia, para praticar o esporte.

Durante muitos anos, nosso entrevistado também jogou futebol, no Ypiranga. “Ainda torço para o Ypiranga e gosto do Atlético, mas não sou fanático não”, diz.

‘As festas aqui eram muito boas, muito respeitadas (...)’

Uma das festas que estão registradas nas lembranças de Sílvio da Cunha é a que foi realizada com a implantação da Comarca. “Foi um fato interessante, em 1937 me parece, foi uma festa muito animada”, lembra e acrescenta: “As festas aqui eram muito boas, muito respeitadas. Vinham uns conjuntos muito bons, hoje é tudo muito moderno. Antes era bolero, samba-canção; era animado, todo mundo dançava muito bem”, conclui, demonstrando saudosismo.