Trabalho e bem-estar podem andar de mãos dadas?

Dando sequência à série de textos que buscam discutir o mercado de trabalho nos dias de hoje, vamos falar sobre o bem-estar no ambiente de trabalho. O assunto se tornou ainda mais pertinente porque no dia 10 de março o Ministério da Previdência Social divulgou números alarmantes sobre o afastamento do trabalho por saúde mental no Brasil. Segundo a pasta, em 2024 houve quase meio milhão de afastamentos, o maior número em pelo menos dez anos. Os números obtidos com exclusividade pelo G1 (@portalg1) revelam um crescimento de 68% em relação ao total de afastamentos registrados pela Previdência em 2023. Não é exagero afirmar que o Brasil vive hoje uma grande crise trabalhista gerada pelos afastamentos por transtorno mental. 

Sempre digo para a equipe que coordeno que “sucesso = bem-estar + resultados”. Perceba que nessa “fórmula”, o bem-estar vem antes dos resultados. Isso porque os resultados são fruto da satisfação do colaborador e do bom ambiente organizacional. Quando você está trabalhando no lugar em que deseja, tem empatia e acolhimento do seu empregador, clareza de objetivos e vontade de colaborar, os resultados positivos são alcançados. Isso é sucesso. A fórmula não funciona quando aplicada inversamente (sucesso = resultados + bem-estar) porque não se sustenta. Bons resultados podem manter o sucesso por algum tempo, mas o que virá quando as metas não forem atingidas? Frustração, cobrança, desconfianças e todo tipo de desconforto emocional que isso gera entre os colaboradores. Uma referência notável para o que estou dizendo é o livro "The Happiness Advantage" de Shawn Achor, publicado em 2010. Achor argumenta que a felicidade não é apenas uma consequência do sucesso, mas um fator que o impulsiona. Ele apresenta evidências de que funcionários felizes são mais produtivos, criativos e melhores na resolução de problemas em comparação com colegas menos satisfeitos.

Mas na prática, o que é criar um bom ambiente organizacional que proporcione ao colaborador o sentimento de bem-estar no trabalho? Bom, poderíamos discorrer sobre várias teorias, mas acredito que a palavra chave é EMPATIA. Empatia se manifesta na capacidade de ouvir e compreender as necessidades do outro, criando uma conexão que vai além dos objetivos empresariais. No ambiente de trabalho, isso significa que líderes e colaboradores se tornam mais atentos às emoções e desafios enfrentados, promovendo uma cultura onde a comunicação é aberta e o apoio mútuo é constante. Quando os gestores demonstram interesse genuíno pelo bem-estar de suas equipes, criam-se condições para que o potencial individual floresça e os resultados se alinhem de forma sustentável aos objetivos da empresa.

Além disso, práticas que incentivem a empatia podem ser incorporadas por meio de treinamentos, feedbacks construtivos e políticas de flexibilidade. A promoção de espaços de diálogo e a valorização das experiências pessoais ajudam a construir um ambiente de confiança, onde cada colaborador se sente parte fundamental do sucesso coletivo. Essa abordagem não apenas eleva a motivação, mas também fortalece o vínculo entre o profissional e a organização, reduzindo a rotatividade e promovendo uma cultura de inovação e colaboração.

Em resumo, o investimento em empatia é, na verdade, um investimento no próprio sucesso da empresa. Ao colocar o bem-estar no centro das relações, os resultados positivos emergem de forma natural e consistente, refletindo a ideia de que pessoas felizes e realizadas tendem a contribuir de maneira mais criativa e produtiva. Assim, a adoção de uma postura empática não é apenas uma tendência, mas um caminho comprovado para transformar desafios em oportunidades e construir um futuro mais resiliente e próspero para todos. Portanto, trabalho e bem-estar não só PODEM como DEVEM andar sempre de mãos dadas! Nos vemos no terceiro artigo da série!