Três pessoas em Arcos tomam vacina contra febre amarela mais de uma vez e passam mal
A revacinação pode provocar intoxicação, náusea, febre, dores e até choque anafilático (falência dos órgãs). O quadro de saúde dos pacientes da cidade é estável

A incidência de febre amarela no país levou três pessoas a procurarem o posto da Fundação Municipal de Saúde (Fumusa) de Arcos. Eles não foram contaminados pela doença, mas passaram mal depois que tomaram a vacina contra o vírus por mais de uma vez, em menos de 10 anos. Os três pacientes apresentaram sinais de indisposição, mas não precisaram ser internados (até a conclusão da matéria, na última quarta-feira). A enfermeira e técnica da Epidemiologia de Arcos, Ângela Mendonça, disse que a Secretaria Municipal de Saúde não pode informar a identidade dos pacientes. Ela comentou que o quadro dos três (um homem e duas mulheres) é estável.
De acordo com a enfermeira, antes de visitar um posto médico em busca da vacina, as pessoas devem primeiro recorrer ao cartão de vacinação, para saberem se anteriormente já não receberam a dose da medicação. No entanto, apesar dos riscos, a revacinação é indicada para quem não tem certeza se já foi vacinado. “Se a pessoa não encontrou o cartão, não consegue se lembrar se já tomou a vacina e se esgotaram todas as possibilidades, o melhor é que ela seja revacinada, evitando assim, que contraia a febre amarela”.
Ângela Mendonça recomenda a quem apresentar reações adversas à revacinação – náusea, febre e dores pelo corpo – que procure orientação médica imediatamente. Nos casos mais graves, a intoxicação por causa da vacina pode levar o paciente a ter choque anafilático (falência dos órgãos).
No Brasil, de acordo com o site ‘O Globo’, até o último dia 18, 31 pessoas foram intoxicadas por tomarem a vacina contra a febre amarela mais de uma vez, em curto espaço de tempo. No estado de Goiás, um jovem deu entrada em um hospital, com hepatite, provocada pelo excesso de medicamento.
CONTRA-INDICAÇÕES
· A vacina contra febre amarela é contra-indicada em crianças com menos de seis meses de idade;
· Portadores de Imunodepressão transitória ou permanente, induzida por doenças (neoplasias, aids e infecção pelo HIV com comprometimento da imunidade) ou pelo tratamento (drogas imunossupressoras acima de 2 mg/kg/dia por mais de duas semanas, radioterapia, etc);
· Gestação em qualquer fase constitui contra-indicação relativa, a ser analisada para cada caso na vigência de surtos;
· Reações anafiláticas relacionadas a ovo de galinha e derivados ou outras substâncias presentes na vacina constituem contra-indicação.
“Não há necessidade de ‘pânico’”
Em ofício enviado à Vigilância Epidemiológica de Arcos, a Gerência Regional de Saúde – órgão da Secretaria de Estado da Saúde – informa que a situação da febre amarela em nível regional está controlada. “Por enquanto, não há surto da doença no Estado e nem em nossa região (Centro-Oeste) não há confirmação de caso em primatas não humanos; e as medidas a serem tomadas são exatamente para evitar que ocorram casos de febre amarela em humanos. Não há necessidade de ‘pânico”.
O Ministério da Saúde computa 31 notificações de suspeita de pessoas infectadas com febre amarela no Brasil. Dez pessoas morreram (até a manhã de sexta-feira).
Matéria publicada no jornal CCO edição de 27 de janeiro de 2008