Um dia especial para a comunidade autista de Arcos

Mãe conta como percebeu que seus dois filhos são autistas e fala da necessidade de inclusão

Mar 31, 2023 - 17:39
Abr 11, 2023 - 11:30
 0
Um dia especial para a comunidade autista de Arcos


Hoje (31 de março de 2023), Dia da Conscientização do Autismo, o CCO esteve na caminhada realizada no centro da cidade, uma  iniciativa do TEAcolhe – instituição que auxilia as famílias de autistas – e Prefeitura de Arcos, por meio das Secretarias de Educação e Desenvolvimento e Integração Social.

O CCO conversou com Lurdes Rabelo Gomes (43 anos), professora de Sala de Recursos nas redes estadual e municipal. Ela contribuiu na fundação do TEAcolhe, em 2018. Atualmente é voluntária, trabalhando em prol da sensibilização quanto às necessidades da comunidade. 

Lurdes Rabelo Gomes (à esquerda), professora de Sala de Recursos nas redes estadual e municipal


Ao comentarmos sobre a Lei Brasileira de Inclusão (Lei 13.146, de 2015), que estipula prioridade no atendimento da pessoa com deficiência, incluindo autistas, ela disse que, em Arcos, nem sempre é cumprida. A Lei Federal 10.048, de novembro de 2000, também prioriza atendimento para pessoas com deficiência (incluindo autistas), gestantes, lactantes, pessoas com crianças de colo e obesos.

No entanto, segundo Lurdes, nem todos têm essas informações. “Em algumas instituições a gente passa por essa dificuldade”. Ela cita os exemplos de alguns locais onde há essa necessidade de priorizar o atendimento aos autistas: estabelecimentos de saúde e filas de supermercado. “Eles não conseguem ficar tanto tempo aguardado”.

Ainda não existe, em Arcos, um cadastro com o número de autistas. É importante que seja feito, por meio dos postos de saúde e do Conselho da Pessoa com Deficiência. “Não temos um número correto, mas tem aumentado do ano passado para cá, isso está muito visível”, afirma.

Na Associação TEAcolhe, atualmente são assistidas mais de 60 famílias, com autistas de 2 a 40 anos de idade. 

A instituição ainda não tem uma sede. Trabalha com apoio de voluntários. Também ainda não tem subvenção. 

“Precisamos sensibilizar mais, porque ainda existe preconceito. Tanto que nosso lema deste ano é ‘Mais informação e menos preconceito’, dá o recado e diz que o maior objetivo do TEAcolhe é auxiliar as famílias, que são cuidadores.


Mãe conta como descobriu o autismo dos dois filhos 


Fernanda Teixeira Morais Paula, 35 anos, é dona de casa e tem dois filhos autistas. A primeira é Noemy (de 8 anos) e o segundo é o Jonas (3 anos). Primeiro ela percebeu a situação do Jonas, que demorou a andar, não falava, gostava de objetos que rodavam, debatia a cabeça e também se sentia atraído pela luz. O autismo dele veio com outros quadros, como, por exemplo, crises de epilepsia. Foi levado ao neurologista e toma medicamentos contínuos. 

Depois de um tempo, no retorno às aulas após a pandemia, educadores observaram que Noemy também precisava de atendimento especializado, porque, aparentemente, tinha déficit de atenção. A mãe estava preocupada, porque ela chorava muito e era muito quietinha. “Ela não ia até os amigos; gostava de levar merenda gostosa para os amiguinhos chegaram até ela, porque ela não ia (coisa de criança...)”, relatou a mãe, que passou a pesquisar tudo sobre autismo em menina, antes de levá-la ao neurologista. Pelo especialista, Noemy foi diagnosticada com autismo e déficit de atenção regressivo. “Ela não tem muito equilíbrio e o sensorial dela é muito perceptivo, ela não gosta de barulho. A seletividade dela é enorme e também tem ansiedade”, descreve a mãe, informando que, no momento, estão fazendo os testes e descobrindo qual é a medicação certa para ela.

Quando perguntamos qual é a maior necessidade dos autistas em Arcos, Fernanda disse:  “Os autistas precisam de mais inclusão, que sejam tratados da mesma forma que os outros”. Também disse que a Lei de prioridade do atendimento não tem sido totalmente cumprida aqui em Arcos. 

É importante que a população esteja atenta a essas situações, para a garantia dos direitos dos autistas. 



Matéria produzida na Redação do Jornal e Portal Correio Centro Oeste. Jornalistas e proprietários de veículos de comunicação que desejam reproduzir nosso conteúdo devem citar a fonte: jornalcco.com.br