Zé Rezende intermediou a instalação da CSN em Arcos, providenciou crédito educacional, concurso público e outras ações

Série ex-prefeitos de Arcos

Out 18, 2024 - 14:04
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Zé Rezende intermediou a instalação da CSN em Arcos, providenciou crédito educacional, concurso público e outras ações
Foto: arquivo CCO


O Portal CCO Arcos entrevistou o ex-prefeito José Teixeira de Rezende no dia 24 de março de 2014, quando ele estava com 87 anos. Zé Rezende, como era conhecido, era arcoense. Foi casado com Ivalda Vilela de Oliveira Resende, com quem teve três filhos:  Nivaldo, Roberto e José Ronaldo. Faleceu em 02 de setembro de 2020, aos 94 anos.

Esteve à frente do Executivo Municipal entre fevereiro de 1971 a janeiro de 1973. O vice-prefeito era Lázaro Teixeira Arantes. 

De acordo com registros do livro História de Arcos, de Lázaro Barreto (1992, pág. 115), as principais realizações da gestão foram as seguintes: intermediou as implantações, no Município, da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), Agrical, Renovadora Arcos, do Posto Xodó; providenciou a ampliação da rede telefônica; providenciou reformas de escolas; realizou o primeiro concurso para o Magistério; construiu o viaduto Plácido Teixeira [próximo ao campus da PUC]; criou crédito educacional para financiar o acesso de alunos carentes à rede escolar particular; providenciou a construção do prédio do Fórum Senador Magalhães Pinto em convênio com a Secretaria de Estado de Viação e Obras; criou o “Matadouro Municipal”.  

Na época, o presidente do Brasil era Emílio Garrastazu Médici (gestão 1969-1974/regime militar). De acordo com registros históricos, uma das características marcantes da época, no cenário nacional, foi o bipartidarismo: ARENA (Aliança Renovadora Nacional – partido criado pelo Regime Militar/Governo) e MDB (Movimento Democrático Brasileiro – partido da oposição controlada). José Rezende foi filiado ao ARENA. 

“Quando fui prefeito, entrei pelo ARENA. Era o partido do Governo. Eu não tinha muita consciência de que era uma ditadura, fui do partido porque só esperava coisas boas”, comentou. 

Outro fato curioso relatado pelo ex-prefeito foi quanto ao seu rápido encontro com o então presidente Médici, em 1971. “Fui prefeito em plena ditadura militar. As dificuldades é que naquele tempo ‘não tinha deputado’ [que fizesse as indicações ao Governo]. O que tinha aqui era Otacílio Miranda; a gente ia pôr nome de deputado pra arrumar alguma coisa lá [no Governo Federal] e não conseguia nada. Tiraram a autonomia dos deputados, porque era ditadura. Aí eu consegui, com muita dificuldade, uma entrevista com o presidente Médici. Cheguei a falar com ele, mas foi questão de um minuto só, em 1971. Fui pedir a ele canos para instalação de água na cidade. Cheguei e falei: Oh! Nós vamos decretar calamidade pública em Arcos, os bairros estão sem água, não temos verba, a Prefeitura não tem dinheiro. Ele [Médici] só falou com a ordenança dele lá: “Atenda-o”, e fez a assinatura lá. Quando fez mais ou menos um mês, chegaram 12 caminhões de canos pra colocar água na cidade”.

Durante a entrevista ao Portal CCO Arcos em 2014, ele disse que intermediou a vinda da CSN em 1971, falando com o diretor da empresa na época, General Pinto da Veiga (em 1971).

“Nesse ponto de vista [de ser atendido pelo Governo Federal], eu não posso reclamar da ditadura. A única coisa que reclamo do governo militar é dessa judiação com o nosso povo brasileiro. Isto me dói o coração. Eu não sabia disso [na época], mas que houve as torturas houve, porque agora está passando na televisão”. Zé Rezende concedeu a entrevista ao Portal CCO no mês de 50 anos do início do regime militar. 

Ainda falando sobre aquele período, ele afirmou: “Na época era mil maravilhas, só tinha notícias boas [notícias de torturas e mortes dos chamados “subversivos” não eram veiculadas]. E por outro lado, se não fossem as torturas, foi um dos melhores governos que eu já vi. Você vê que eu ia lá, pedia as coisas e ganhava [...]”.

Zé Rezende foi um cidadão de presença marcante em Arcos, especialmente em iniciativas da sociedade civil, a exemplo de ações solidárias. Estava sempre bem-humorado e disposto para um “bate-papo”.